• Carregando...
O que realmente devemos comemorar no Natal
| Foto: Pixabay

O mais importante é o aniversariante ou a data do seu aniversário? Imagino que sua resposta seja, sem pestanejar, que a pessoa é mais importante do que a data do seu aniversário, isso me parece óbvio. Não estou, com isso, dizendo que datas não sejam importantes, mesmo porque elas nos orientam sobre os fatos e nos ajudam a entender historicamente vários acontecimentos. Entretanto, sabemos que há uma polêmica em relação ao dia 25 de dezembro como sendo a data do nascimento de Jesus Cristo. Como não há prova de que o menino Jesus tenha nascido especificamente nessa data, não são poucos os que se apegam a isso, como justificativa, para não comemorar o seu aniversário.

Por outro lado, muitos têm os seus corações aquecidos com a chegada do Natal. Para eles, a despeito de toda exploração comercial sugerida, essa data representa mais do que mesas fartas e trocas de presentes. Ela significa tempo de alegria e de renovação de esperança, sentimento que tem se espalhado pelo mundo. E por que isso acontece? Existem várias respostas justas e boas para essa pergunta, todavia, gostaria de pontuar, a partir da cosmovisão cristã reformada, que o nascimento de Jesus é a resposta de Deus para o homem caído e necessitado de salvação, ou seja, é a solução de Deus para a humanidade desde o Éden.

O Natal é de longe o acontecimento mais importante de que se têm notícias entre todas as culturas, povos, nações e épocas.

Sim, Deus resolveu o problema do pecado, causado pela desobediência do homem, trazendo ao mundo seu Filho. Observado sob essa perspectiva, o Natal é de longe o acontecimento mais importante de que se têm notícias entre todas as culturas, povos, nações e épocas.

Nas palavras de São João, o apóstolo amado, conforme está registrado em seu evangelho, temos a compreensão dessa verdade: “E o verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do pai” (João, 1.14). Estamos, assim, diante da preciosa doutrina da encarnação, isto é, o verbo/filho de Deus assumiu a natureza humana, ele, o servo sofredor, anunciado pelo profeta Isaías. Ele tomou a nossa forma para interagir conosco. Ele viveu, vestiu a nossa roupa, comeu da nossa comida, andou entre nós e levou em si as nossas chagas. Isso é realmente algo maravilhoso.

John Owen, ao tratar do tema da encarnação, afirma que “quando Cristo tomou sobre Si a forma de um servo em nossa natureza. Ele Se tornou aquilo que nunca havia sido antes, mas não deixou de ser aquilo que sempre tinha sido em Sua natureza divina. Ele, que é Deus, não pode deixar de ser Deus”. Portanto, o ato da encarnação de Jesus Cristo se reveste de importância, pois nos revela muitas coisas a respeito de Deus, o Criador, dentre elas, que temos um Deus que cumpre as suas promessas ao longo da história.

A importância do Natal reside no fato de que Jesus Cristo veio ao mundo para libertar-nos dos pecados, pagando a nossa dívida com Deus, apresentando-nos perfeitos a ele por meio do seu sacrifício vicário.

Os nossos pais e a sagaz serpente ouviram do próprio Deus que Cristo viria para resolver o que eles haviam feito de errado no paraíso. “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gênesis, 3.15).

Assim, percebemos que, desde o princípio, Deus nunca nos abandonou. Não estamos sozinhos, não estamos à deriva ou largados à própria sorte como muitos pensam. No evento natalino de Jesus Cristo, não é difícil perceber a manifestação da graça, da misericórdia e, sobretudo, do amor de Deus para conosco, já que estava disposto a dar o seu único Filho para morrer em nosso lugar, sendo ele o ofendido.

Sim, somos nós que temos uma dívida com Deus, e ela não poderia ser paga por anjos ou animais, exatamente, porque não foram eles os ofensores, e, nós, debaixo da herança adâmica, não temos condições de satisfazer a justiça de Deus. Nesse sentido, justifica-se a necessidade da encarnação de Jesus Cristo para cumprir totalmente a lei de Deus a nosso favor.

A importância do Natal, então, reside no fato de que Jesus Cristo veio ao mundo para libertar-nos dos pecados, pagando a nossa dívida com Deus, apresentando-nos perfeitos a ele por meio do seu sacrifício vicário. Com essa atitude, Jesus Cristo, ao mesmo tempo, satisfez a santa lei de Deus e nos reconciliou com Ele. Celebre o Natal com alegria indizível, pois o Deus eterno nos visitou de forma redentiva e graciosa. Creia nessa verdade. Viva essa verdade, dando ao Natal a sua verdadeira e real importância.

Mário Sérgio Batista é professor de Análise Literária de Textos Bíblicos, no Centro de Educação, Filosofia e Teologia (CEFT) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM).

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]