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A explosão do terrorismo no Rio de Ja­­­­neiro é o recibo do fracasso dos governos Federal e estadual na área da segurança pública

O Rio de Janeiro é o cartão postal do Brasil, sonho de turistas estrangeiros. E não faltam belezas naturais em todo estado do Rio. No entanto, o que vimos nesses dias foi a explosão descomunal de um processo de violência vinculada ao narcotráfico – se bem que tiroteios, assaltos, assassinatos faz tempo atemorizam a população carioca.

Segundo consta, começou com Leonel Brizola o que hoje é o Estado paralelo do crime. Para se eleger, Brizola fez acordo com bicheiros e a polícia não podia subir os morros para não incomodá-los. Dos bicheiros aos narcotraficantes foi tramado o enredo tenebroso que se alastrou pelo tempo sustentado pela corrupção das autoridades, pela impunidade, pela indiferença social.

Se esse câncer social não é de agora, é preciso lembrar que o presidente Lula iniciou seu primeiro mandato prometendo que tudo iria mudar. Foram prometidos 12 presídios de segurança máxima, mas só um foi construído em Can­­tanduvas (PR). Uma ideia megalomaníaca acenava com a urbanização de todas as favelas do Brasil e, claro, nada foi feito nesse sentido.

Lula vive se gabando que praticamente acabou com miséria no país. Mas, se o Brasil é um paraíso sem pobreza e desemprego, o que leva jovens favelados a se unirem aos narcotraficantes como única opção para uma breve e bestial vida?

Na verdade, a explosão do terrorismo no Rio de Janeiro é o recibo do fracasso dos governos Federal e estadual na área da segurança pública. E quando os criminosos continuam a por fogo em ônibus e outros veículos, mesmo diante de todo aparato policial e do apoio das Forças Armadas, o recado está dado para as autoridades: vocês não valem nada, somos nós que mandamos.

Dirá o governador Sérgio Cabral que as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) asseguraram a paz em algumas favelas cariocas e que, por isso, bandidos de lá fugiram para pôr fogo nas ruas. De fato, não deixa de ser interessante a presença da polícia entre a população, mas as UPPs não são suficientes. É preciso ter no governo um sistema de inteligência capaz de rastrear com antecedência as manobras dos traficantes e das milícias, prisões para retirar os marginais do meio social, juízes que não soltem os bandidos facilmente, ação constante de confisco de armas e drogas, uma polícia bem paga e bem armada que não dê trégua aos criminosos.

No tocante à remuneração dos policiais, o estabelecimento de um piso salarial nacional, projeto que tramita no Congresso, já foi detonado pelo governo federal.

Sobre a ação da Polícia Militar e Civil, especialmente do Bope, é justo louvar a coragem e o heroísmo dos policiais que arriscam suas vidas numa guerra sem fim. E se a magnitude da violência ultrapassou a violência cotidiana e demandou o apoio das Forças Armadas, esse apoio devia ser habitual para que não se chegasse ao que se presencia agora. Portanto, apesar dos discursos de autoridades federais e estaduais para emissoras de tevê, é lógico afirmar que governos fracassaram redondamente quanto à segurança da população. O problema é mais acentuado no Rio, mas existe em todo o país.

Não basta, então, dizer que os acontecimentos derivam da fuga de bandidos das favelas por causa das UPPs. O problema é muito mais profundo e estrutural. Seria também necessário maior controle das fronteiras por onde entram drogas e armas, especialmente na Tríplice Fronteira e nas fronteiras com a Colômbia e a Bolívia.

O espetáculo da guerra do tráfico no Rio de Janeiro é o retrato do final de oito anos do governo Lula que passa recibo do fracasso na segurança pública. É também um dos aspectos da herança que Dilma Rousseff vai receber. Outras maldições continuarão na saúde, na educação, na infraestrutura, na dívida pública, no descontrole da inflação.

Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.

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