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A primeira imagem do telescópio espacial James Webb mostra um aglomerado de galáxias com muito mais nitidez e detalhes que seu predecessor, o Hubble.
A primeira imagem do telescópio espacial James Webb mostra um aglomerado de galáxias com muito mais nitidez e detalhes que seu predecessor, o Hubble.| Foto: EFE/EPA/Space Telescope Science Institute Office of Public Outreach handout

A observação dos céus é elemento essencial para o conhecimento físico, e com a melhoria das teorias físicas, temos consequências diretas no desenvolvimento humano, dos pontos de vista científico, tecnológico e social. O telescópio espacial James Webb vai nesta direção com a mais profunda técnica moderna. Técnicas essas que ultrapassam os limites conhecidos e conseguem observar os mais longínquos recônditos locais do Universo.

As novas e interessantes imagens obtidas pelo Webb permitem também avaliar a evolução do Universo e sua expansão, que em outra época dependia muito pouco da chamada Energia Escura. Isso vai permitir que se faça uma comparação importante com as observações obtidas pelo radiotelescópio brasileiro BINGO, que, por outro lado, se referem a uma época em que a Energia Escura passava a ser a componente dominante do Universo.

Ambas observações, as feitas pelo Webb e as do BINGO, andam lado a lado, permitindo que a ciência seja feita de modo efetivo, captando informações sobre a formação das primeiras estruturas, das galáxias e de estruturas ainda maiores, como as que serão mapeadas no caso do projeto BINGO, que observará as chamadas Oscilações Acústicas de Bárions, estruturas estas que se estendem por cerca de meio bilhão de anos luz no espaço.

No caso do James Webb, serão vistos protoplanetas e sistemas planetários, que nos enviam informações sobre a origem da vida e sobre a possibilidade de vida fora do nosso planeta. Algumas destas questões poderão ser tratadas na extensão do BINGO de alta resolução, projeto a ser tratado na segunda fase do radiotelescópio.

Desse modo, poderemos incorporar as informações do James Webb com as que ainda serão obtidas pelo telescópio brasileiro, servindo como pano de fundo a desenvolvimentos de soluções e novas tecnologias. Além do próprio (e útil) conhecimento científico em si mesmo, muito do que se descobrirá irá, com certeza, contribuir para resolver problemas relacionados a diversas áreas.

Tais observações permitirão, no futuro, uma compreensão mais sofisticada do Universo. Teremos eventualmente fontes mais complexas de energia limpa, viagens mais constantes para fora da Terra, prevenção de quedas de asteroides, hoje quase uma realidade – lembremo-nos de que os asteróides caídos na Terra foram responsáveis por grandes extinções no passado – e eventual busca de vida fora do planeta Terra.

Estas são algumas das razões pelas quais o estudo da Astronomia e da Cosmologia não é apenas uma curiosidade, mas algo útil e economicamente viável. A ciência busca colocar um limite na obscuridade e alcançar um espaço de destaque na humanidade.

Elcio Abdalla é físico teórico, com doutorado e pós-doutorado pela USP. É professor titular do Instituto de Física da USP e coordenador do Projeto Bingo, radiotelescópio brasileiro que está sendo construído no interior da Paraíba que fará o mapeamento na parte escura do universo.

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