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Obsolescência programada é quando um produto tem vida útil menor do que a tecnologia permitiria, motivando a compra de um novo modelo – eletrônicos, eletrodomésticos e automóveis são exemplos bem evidentes dessa prática. Uma câmera com uma resolução melhor pode motivar a compra de um novo celular, ainda que o modelo anterior funcione perfeitamente bem. Essa estratégia da indústria pode ser vista como inimiga do consumidor, uma vez que o incentiva a adquirir mais produtos sem realmente necessitar deles. No entanto, traz benefícios como acesso às novidades.

Planejar inovação é extremamente importante para melhoria e aumento da capacidade técnica de um produto num mercado altamente competitivo. Já imaginou se um carro de hoje fosse igual a um carro dos anos 1970? O desafio é buscar um equilíbrio entre a inovação e a durabilidade. Do ponto de vista técnico, quando as empresas planejam um produto, já tem equipes trabalhando na sucessão dele, pois trata-se de uma necessidade de sobrevivência no mercado.

Por exemplo, nos anos 80, já se pensava em USB e CD-ROM, até então indisponíveis nos computadores. Essa estratégia permitiu aos centros de pesquisa direcionar seus investimentos em tecnologias emergentes, que seriam aplicadas futuramente, trazendo ganhos reais em qualidade: um pendrive tem eficiência e capacidade de armazenagem de dados infinitamente maior do que um disquete, e isso é um benefício concreto para o consumidor.

Sintomas de obsolescência são facilmente percebidos quando um novo produto oferece características que os anteriores não tinham

Sintomas de obsolescência são facilmente percebidos quando um novo produto oferece características que os anteriores não tinham, como um celular com uso de reconhecimento facial; ou queda de desempenho do produto com relação ao atual padrão de mercado, como um smartphone que não roda bem os aplicativos atualizados. Outro sinal é quando não é possível repor acessórios como carregadores compatíveis, ou mesmo novos padrões como tipo de bateria, conector de carregamento ou tipos de cartão de um celular, por exemplo.

Isso não significa que o consumidor está refém de trocas constantes de equipamento: é possível adiar a substituição de um produto por meio de upgrades de hardware como inclusão de mais memória, baterias e acessórios de expansão, pelo menos até o momento em que essa troca não compense financeiramente. Quanto à legalidade, o que se deve garantir é que os produtos mais modernos mantenham a compatibilidade com os anteriores a fim de que o antigo usuário não seja forçado à compra de um produto mais novo constantemente se não quiser. É importante diferenciá-la da obsolescência perceptiva, que ocorre quando atualizações cosméticas, como um novo design, fazem o produto parecer sem condições de uso, quando não está.

É preciso lembrar também que a obsolescência programada se dá de forma diferente em cada tipo de equipamento. Um controle eletrônico de portão tem uma única função e pode ser usado por anos e anos sem alterações ou troca. Já um celular tem maior taxa de obsolescência e pode ter de ser substituído em um ano ou dois dependendo das necessidades do usuário, que pode desejar fotos de maior resolução ou tela mais brilhante.

Leia também: “Pensar diferente”: o lema da Apple (artigo de Marcos de Lacerda Pessoa, publicado em 11 de agosto de 2018)

Leia também: A angústia da inovação (artigo de Paulo Bettio, publicado em 26 de fevereiro de 2019)

Essa estratégia traz desafios, como geração do lixo eletrônico. Ao mesmo tempo, a obsolescência deve ser combatida na restrição que possa causar ao usuário, como por exemplo uma empresa não mais disponibilizar determinada função que era disponível pelo simples upgrade do sistema operacional, forçando a compra de um aparelho novo. O saldo geral é que as atualizações trazidas pela obsolescência programada trazem benefícios à sociedade, como itens de segurança mais eficientes em carros e conectabilidade imediata e de alta qualidade entre pessoas. É por conta disso que membros de uma mesma família que moram em países diferentes podem conversar diariamente com um custo relativamente baixo por voz ou vídeo, ou funcionários podem trabalhar remotamente, com mais qualidade de vida, com ajuda de dispositivos móveis.

Nilson Ramalho é CIO na Faculdade Impacta Tecnologia.
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