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Não há certeza sobre o efeito da nova CPMF sobre a carga tributária.
| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Estamos passando por um momento difícil em termos de desempenho econômico, mas o problema não é de hoje. Não há como dissociar os problemas econômicos atuais da pandemia, mas não é que ocorre no médio e longo prazo. Precisamos analisar os diversos elementos que afetam o desempenho econômico brasileiro para que medidas para colocar o país em uma trajetória mais saudável sejam adotadas.

No curto prazo, as medidas para conter a Covid-19 são fundamentais. Não adianta nosso presidente clamar que o país não pode parar se ele mesmo não contribui para o controle da pandemia. Não há como a economia se recuperar enquanto o vírus não estiver sob controle, e as medidas de coordenação provenientes do governo federal são fundamentais nesse sentido, pois o problema atinge todas as regiões do país. Adicionalmente, quando o vírus foge de controle em uma determinada região, a situação afeta as demais regiões pela natureza do problema.

A falta de planejamento na compra e produção de vacinas está custando muito em vidas perdidas e em termos econômicos e sociais. Mas a aceleração da vacinação não é o único elemento relevante no controle da pandemia. O exemplo e orientação por parte de nossos governantes, além da conscientização da população da necessidade em se manter as medidas que reduzam a disseminação do vírus, são essenciais. Precisamos aprender a conviver com o vírus, adotando medidas diárias para reduzir sua disseminação, mas mantendo a economia funcionando, pois não sabemos por quanto tempo teremos de conviver com ele.

No curto e médio prazo, medidas que reduzam a relação dívida/PIB são fundamentais para a estabilidade macroeconômica e atração de investimentos produtivos nacionais e internacionais. Nesse sentido, a agenda de reformas é crucial, como a administrativa, tributária e medidas que desvinculem da receita parte dos gastos públicos. Melhorar a situação fiscal nas três esferas de governo também é importante para abrir espaço para investimentos públicos que estimulem investimentos privados, como em infraestrutura e melhora da qualidade do sistema educacional.

No desempenho econômico no longo prazo, o foco deve ser no aumento da produtividade do trabalho e melhora da distribuição de renda. A produtividade do trabalho permanece estagnada nas últimas quatro décadas, o que ajuda a entender o fraco desempenho da economia brasileira. Nesse sentido, a melhora da qualidade do sistema educacional é central. Portanto, precisamos entender o que deve ser alterado no sistema público educacional para melhorar sua qualidade, o que nos leva a alguns questionamentos.

Quais as medidas a serem adotadas para motivar professores e alunos? Como melhorar a interação em sala de aula? Quais os métodos de ensino inovadores que melhoram o aprendizado? Precisamos olhar para bons exemplos no país, como os municípios cearenses e em especial Sobral, e o que vem dando bons resultados no exterior na melhora do aprendizado discente. Precisamos de pessoal qualificado em postos-chave pensando nessas questões, como no MEC, nas secretarias estaduais e municipais de Educação. No entanto, o problema vai além da sala de aula, visto que as condições econômicas e a estrutura familiar são cruciais para melhorar o desempenho escolar.

É triste observar a situação atual do nosso país, mas, enquanto as questões apontadas não forem colocadas na ordem do dia, iremos assistir a nosso país ficando cada vez mais à deriva.

Luciano Nakabashi, doutor em Economia, é professor associado da Fearp/USP e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Economia da Fearp/USP.

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