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| Foto: Robson Vilalba/Thapcom

Nota da redação: A Gazeta do Povo ofereceu ao candidato Jair Bolsonaro o mesmo espaço para um artigo, que seria publicado junto ao do candidato Fernando Haddad na edição impressa que chega às bancas e aos assinantes no sábado, 27 de outubro. No entanto, a campanha de Bolsonaro não enviou o texto. Ambas as campanhas haviam sido avisadas de que, caso apenas um dos candidatos enviasse o artigo, ele seria publicado independentemente da ausência do outro lado.

Domingo é o dia de dizer nas urnas que futuro queremos para o Brasil e para nossos filhos e netos. A depender do resultado desta eleição, talvez tão cedo não tenhamos outra oportunidade de fazê-lo.

Fui o ministro da Educação que mais investiu em todos os níveis de ensino, da creche à pós-graduação, o que mais construiu escolas técnicas e universidades, o que maior número de jovens colocou no ensino superior.

Fui também o prefeito de São Paulo que adotou medidas inovadoras e internacionalmente reconhecidas de gestão, mobilidade urbana e respeito aos direitos humanos.

Posso e vou fazer muito mais, priorizando a educação e a geração de empregos, defendendo a paz, a liberdade e a democracia. Minha trajetória a serviço do Brasil e do povo brasileiro foi construída sobre os alicerces do diálogo, do livre debate de ideias, do respeito à diversidade – inclusive política e ideológica.

Meu adversário, ao contrário, nunca escondeu o desapreço pelos valores democráticos.

Por isso, mais do que realçar minhas qualidades pessoais e de meu programa de governo, sinto-me no dever de alertar sobre o que está em jogo neste difícil momento da nossa história.

Minha trajetória a serviço do Brasil e do povo brasileiro foi construída sobre os alicerces do diálogo

Não considero meu adversário um exemplo de coragem. Ao contrário. Sua ausência de todos os debates deste segundo turno, apesar da liberação dos médicos e de minha disposição de debater até numa enfermaria se preciso fosse, evidencia uma personalidade que foge à luta nos momentos decisivos da batalha.

No entanto, longe de tranquilizar a mim e a todos aqueles que prezam pela paz, pela liberdade e pela democracia, tal demonstração de fraqueza nos causa ainda mais preocupação.

Como se não bastasse, meu adversário atrai para sua órbita o que de pior a política brasileira já produziu em termos de desrespeito aos valores éticos e democráticos, absoluto descaso para com o bem-estar da população em geral e desprezo à parcela mais vulnerável de brasileiros e brasileiras, sobretudo mulheres, negros e demais minorias.

Nada de bom pode resultar de tão explosiva mistura de ódio, corrupção e covardia.

De viva voz, ou por meio de seus filhos, meu adversário mais de uma vez expressou o desejo de fechar o Congresso Nacional e o STF. Defendeu a deflagração de uma guerra civil para, segundo ele, terminar o “serviço” que a ditadura deixou inacabado: a matança de “30 mil” opositores. “Se morrerem algumas pessoas inocentes, tudo bem”, acrescentou na ocasião.

Leia também: A metamorfose de Fernando Haddad (editorial de 16 de outubro de 2018)

Leia também: A autocrítica necessária – dos dois lados (editorial de 22 de outubro de 2018)

Favorável à ditadura e à tortura, exalta em público talvez o mais cruel de todos os torturadores, aquele que se notabilizou por obrigar crianças a verem suas mães e seus pais sendo torturados.

Não se trata de bravatas juvenis ou declarações inconsequentes feitas ao longo de 28 anos de um mandato improdutivo de deputado. Logo após o fechamento das urnas no primeiro turno, ele ameaçou prender ou exilar adversários, pelo “crime” de pensarem diferente.

Incitados por ele, os apoiadores mais truculentos fazem ameaças explícitas a jornalistas, obrigando a Folha de S. Paulo a pedir à Polícia Federal proteção para seus repórteres. Tal medida extrema teve de ser tomada pelo jornal logo após a publicação de reportagem que revelou a existência de uma fábrica de mentiras montada pela campanha do meu adversário, abastecida com dinheiro sujo de caixa dois, para disparar mentiras contra mim e contra minha família pelo WhatsApp, na tentativa de fraudar esta eleição.

Não há mais tempo para hesitações ou isenções. Trata-se de escolher entre apenas dois caminhos possíveis. Não deixe que o ódio a um partido seja mais forte que o amor pelos avanços civilizatórios que conquistamos com tanta luta.

Viva a democracia!

Fernando Haddad, ex-ministro da Educação e ex-prefeito de São Paulo, é candidato do PT à Presidência da República.
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