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Em novembro de 2011, a presidente Dilma sancionou a lei que instituiu a Comissão da Verdade (CNV) "a fim de efetivar o direito à memória e à verdade histórica e promover a reconciliação nacional". Após quase três anos de trabalhos e elevados custos, o que se pode deduzir de seu relatório final é que a memória é unilateral, a verdade aparece pela metade e a reconciliação está a cada dia mais distante e difícil. A imparcialidade preconizada pela lei não foi atendida e o maniqueísmo está presente a propalar que existe o "lado bom", o seu; e o "lado mau", o outro.

Já que foi reeleita, a presidente Dilma poderia esforçar-se, no sentido de ser criada outra comissão com idênticos parâmetros, atendendo, no mínimo, ao princípio universal de justiça: o contraditório. Esta nova lei poderia se denominar Segunda Comissão Nacional da Verdade, com a sigla SCNV, e teria o mesmo caráter pluralista e os mesmos recursos dados à CNV. Seria constituída por militares e civis comprometidos com os ideais democráticos. Cinco "recomendações" poderão ser úteis aos trabalhos da SCNV. A saber:

Que seja definitivamente esclarecido ao povo brasileiro que tipo de democracia as organizações terroristas almejavam: uma de caráter ocidental ou uma do proletariado, esta à semelhança dos antigos regimes russo, chinês ou albanês, ou então dos atuais regimes cubano e bolivarianos.

Que sejam registrados os países que apoiaram a luta armada em nosso país com recursos financeiros e cursos de guerrilha a partir de 1960, e a relação dos que se especializaram nas ações terroristas.

Que sejam detalhados todos os crimes perpetrados por essas organizações de esquerda — mais de 200 — antes e depois do Ato Institucional n.º 5, tais como atentados, sequestros com mortes, assassinatos bárbaros de inocentes e de militares, justiçamentos, roubos a bancos, instituições e casas de governantes, bem como o nome completo e o codinome dos que realizaram tais crimes.

Que sejam apurados somente fatos e não versões. A atual comissão se especializou em criar versões que tiveram enorme repercussão em toda a mídia. Envenenaram um presidente, assassinaram outro, acusaram um general de ter sido subornado, criaram organizações militares especializadas em torturas, fornos crematórios, casas de terror e acidentes com artistas, sem contar os testemunhos de pessoas inidôneas e psicologicamente doentias.

Finalmente, a nova comissão deverá rever os milhares de indenizações e salários pagos aos perseguidos pelo regime militar. Um verdadeiro festival de benesses em que o lema das esquerdas foi seguido à risca: "Se for preso ou interrogado, diga que foi torturado". E o total pago já atinge a cifra dos bilhões, tudo na conta do cidadão brasileiro. Uma vantajosa venda de ideais e um lucrativo investimento que deverá ser dado a conhecer à sociedade brasileira.

A SCNV deverá apresentar seu relatório em curto prazo. Ele se tornará uma peça fundamental para que o povo brasileiro seja esclarecido sobre as razões pelas quais o segmento militar foi levado a defender o Estado brasileiro. Seria a verdade do outro lado.

Nos momentos críticos pelos quais passa a nação, com uma economia fragilizada, escândalos de corrupção diários e um país dividido eleitoralmente, a CNV veio agravar a atual crise brasileira, quebrando qualquer possibilidade de conciliação. É de se perguntar: como os seus integrantes — ditos intelectuais, mas extasiados pelas ideologias de esquerda e pela notoriedade — não perceberam que suas ações poderiam fomentar ainda mais o clima de desunião presente no país? A presidente, após receber o relatório final da CNV, declarou que o país precisa conhecer a verdade. A "meia verdade" ou a verdade inteira?

Rômulo Bini Pereira, general-de-exército da reserva, foi chefe do Estado-Maior do Ministério da Defesa.

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