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Quais áreas da administração pública merecem um olhar especial do novo governador do Paraná, Ratinho Junior? Diante de recursos escassos, todo gestor público tem o dever de avaliar os resultados dos governos anteriores, verificar as áreas em que a administração foi bem-sucedida e redefinir programas em setores em que houve avanços pouco significativos ou mesmo retrocesso. A tarefa, porém, não é fácil. A complexidade dos elementos que devem ser levados em consideração para uma avaliação profunda e efetiva é alta. Saúde, educação, emprego, segurança: cada área sujeita à administração pública possui uma infinidade de subáreas.

Uma ferramenta que pode dar relevante contribuição a essa tarefa é o Ranking de Competitividade dos Estados, desenvolvido pelo Centro de Liderança Pública (CLP), em parceria com a Economist Intelligence Unit e a Tendências Consultoria Integrada. Trata-se do maior estudo acerca da gestão pública no país. Nele, estão reunidos 68 indicadores de dez áreas-chave para o desenvolvimento dos estados e do Brasil. A partir de sua sétima edição, recém-divulgada, é possível verificar em que setores cada unidade da Federação teve um avanço mais veloz ou mais lento, nos últimos quatro anos, que o resto do país.

Uma ferramenta que pode dar relevante contribuição a essa tarefa é o Ranking de Competitividade dos Estados

É notório, a partir dos dados do ranking, que o Paraná apresentou baixo desempenho em relação aos outros estados nos indicadores que compõem as áreas de segurança pública, solidez fiscal e, especialmente, potencial de mercado. Em relação a essa última área, o estado sofreu um tombo de 12 posições, deixando de ser o 7.º maior potencial de mercado para se tornar o 19.º. Contribuiu para tanto, particularmente, a baixa taxa de crescimento do Paraná, que, se no início da última gestão era a 10.ª melhor do país, hoje é apenas a 17.ª.

O governador não é o único responsável pela taxa de crescimento regional. A grave crise que assolou o país nos últimos anos impactou o desempenho do estado, visto que as economias das unidades da Federação estão diretamente ligadas às finanças nacionais. Mas, tendo em conta o comparativo com outros estados, pode-se dizer que o novo governo paranaense precisa tomar medidas para que o Paraná cresça, ao menos em ritmo semelhante ao dos demais estados bem colocados no ranking.

A situação fiscal do estado é outra área que merece um olhar especial por parte do novo governante. Em quatro anos, o Paraná deixou de ser a 6.ª unidade da Federação mais bem colocada para se tornar a 10.ª. Embora em certos indicadores da área o estado tenha avançado, contribuiu decisivamente para a queda o baixo desempenho na execução do orçamento: atualmente, o Paraná deixa de efetivamente liquidar 15% do planejado, o que coloca o estado como o 13.º do país, enquanto quatro anos atrás ostentava a mais eficiente execução entre as unidades da Federação. Nesse quesito, a vontade política do governador pode fazer considerável diferença.

Opinião da Gazeta: A vitória e os desafios de Ratinho Junior (editorial de 19 de outubro de 2018)

Leia também: Rumores de felicidade ao Paraná (artigo de 20 de outubro de 2018)

A segurança pública também merece entrar no radar de Ratinho Junior. Embora o estado não esteja entre aqueles que ostentam os piores indicadores, tendo permanecido em primeiro lugar nos primeiros três anos da gestão de Beto Richa, houve um tombo no último ano, que levou o Paraná ao 7.º lugar do ranking. A queda no pilar de segurança pública é justificada pela má posição do estado no indicador de “qualidade de informação da criminalidade” (21.ª posição) e o elevado déficit carcerário, no qual o estado passou do 1.º lugar em 2015 para 24.º em 2016. O estado apresenta uma capacidade carcerária quase três vezes abaixo do necessário. As penitenciárias e delegacias do estado apresentam uma situação de superlotação, o que indica a necessidade de ações urgentes nesse tópico.

Independentemente do viés ideológico, são essas as áreas para as quais o eleito deve voltar seus olhos e seus esforços. Afinal, a partir de um diagnóstico preciso, atuar nos setores que mais carecem de atenção em cada estado é fundamental para que o governo cumpra a missão de garantir o bem-estar da população e o desenvolvimento socioeconômico sustentável.

Luana Tavares, pós-graduada em Administração de Empresas pela FGV com especialização em Gestão Pública e Desenvolvimento de Lideranças, ambas pela Harvard Kennedy School, é diretora-executiva do Centro de Liderança Pública (CLP).
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