Dois assuntos pouco abordados nos debates municipais devem ser olhados com mais atenção pelos prefeitos recém-eleitos das cidades paranaenses: o acesso à educação e a qualificação do capital humano. De acordo com o Ranking de Competitividade dos Municípios, uma ferramenta do Centro de Liderança Pública (CLP) que analisa os 405 municípios com mais de 80 mil habitantes, a partir de três dimensões, 12 pilares e 55 indicadores, todas as cidades do Paraná analisadas tiveram desempenho abaixo do esperado nesses pilares.
Das 27 cidades paranaenses que compõem o estudo, somente Apucarana ocupa uma posição no Top 10 nacional, estando na sexta colocação. Até no caso de Curitiba, que ocupa a primeira colocação geral entre os municípios da Região Sul, este pilar deixa a desejar.
Isso significa que os municípios foram mal em indicadores-chave que medem os avanços educacionais do estado, como a taxa de atendimento da educação infantil, a taxa líquida de matrícula dos ensinos fundamental e médio, além do total de alunos em tempo integral dos três ensinos (infantil, fundamental e médio).
Em termos de taxa de atendimento na educação infantil, o município de Toledo é o único entre os 30 primeiros do país, ficando na 12.ª posição do indicador. Por outro lado, os municípios de Araucária, Campo Largo e Piraquara não conseguiram sequer declarar os dados de alunos em tempo integral nos ensinos fundamental e médio – o ranking congrega bases extraídas de dados públicos.
O desafio fica ainda maior dado o aprofundamento das desigualdades, os déficits orçamentários dos municípios e as novas demandas impostas pela crise da Covid-19.
Para além dos números, o acesso à educação é fundamental para valorizar e incentivar o capital humano dos municípios, uma vez que ele é dimensionado pelo conhecimento e nível educacional da população. Prova disso é como os indicadores dos dois pilares se complementam no ranking. No que diz respeito ao capital humano, o estudo analisa a taxa bruta de matrícula dos ensinos técnico, profissionalizante e superior, além de qualificação dos trabalhadores em emprego formal.
Neste último indicador, com exceção de Curitiba, Londrina, Piraquara e Campo Mourão, que aparecem nas 100 primeiras colocações, todos os outros municípios paranaenses apresentaram mau desempenho, chegando em alguns casos a ocupar as últimas posições do ranking, como os municípios de Pinhais (377.º) e Colombo (388.º).
Já no indicador de taxa bruta de matrícula de ensino técnico e profissionalizante, a situação é discrepante entre as cidades. Enquanto Cianorte ficou com a primeira colocação geral, o outro município mais bem colocado foi Arapongas, somente na 81.ª posição.
Ainda que apresentem gargalos, as cidades paranaenses apresentaram um resultado satisfatório quando analisado o rendimento geral. Quatro municípios – Curitiba, Maringá, Pato Branco e Londrina – estão simultaneamente entre os 50 mais competitivos do país e entre os 10 da Região Sul.
Em termos práticos, a partir de 1.º de janeiro de 2021 os prefeitos vão dar sequência ao plano de 100 dias de governo. Neste sentido, o Ranking de Competitividade dos Municípios busca ajudar a direcionar prioridades, atrair investimentos e servir como uma ferramenta para os cidadãos avaliarem e cobrarem de forma eficiente seus representantes.
Lucas Cepeda é coordenador de Competitividade do Centro de Liderança Pública (CLP). Pedro Trippi é membro da equipe de Inteligência Técnica do CLP.
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