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Os servidores querem ser ouvidos, somente isso
| Foto: Alexandre Mazzo/Gazeta do Povo

Não, não somos marajás. Também não deixamos o paletó na cadeira e vamos para casa. Trabalhamos muito para dar nossa contribuição para o desenvolvimento do nosso país. Somos professores, policiais, médicos, enfermeiras, entre dezenas de outras profissões essenciais, sem as quais o Brasil não pode viver.

Não estamos somente em Brasília. Muito pelo contrário: entre os quase 12 milhões de servidores públicos, uma ínfima minoria está no Distrito Federal distribuída pelos poderes Executivo, Judiciário e Legislativo. Os supersalários são de poucos. Muito poucos, mas ferem todo o funcionalismo.

Mais do que a imagem, estamos com a honra ferida. Os servidores públicos servem o país por décadas. Começam sempre com concursos públicos, nos quais demonstram seu conhecimento e aptidão para as carreiras. E vão subindo: degrau por degrau, fazendo jus à remuneração digna.

Acordamos cedo todos os dias e vamos para o local de trabalho desempenhar nossas funções com o mesmo comprometimento. Afinal, somos servidores da população brasileira. E cumprimos nossa missão com orgulho.

Porém, parece que isso é pouco ou quase nada. Em tempos de reformas, como a administrativa (PEC 32), sempre há propostas para redução dos benefícios do funcionalismo público. “Benefícios”, não: direitos adquiridos numa longa trajetória profissional. A PEC 32 paira sobre o serviço público com uma sombra, ameaçando acabar com os concursos públicos e afetando não só a futura geração do funcionalismo público, como também os atuais, além de aposentados e pensionistas.

Para quem insiste em nos condenar por ganhar muito e fazer pouco, eu trago o exemplo da pandemia. O que seria do combate à Covid-19 se não fossem médicos, enfermeiras, técnicos e auxiliares de enfermagem? Esses heróis trabalharam e ainda trabalham 12, 14, 16 horas por dia, sem folgas, para cuidar das pessoas.

Para aqueles que nos “culpam” por ter salários estratosféricos, quero dizer que estamos há vários anos sem reajuste – nem ao menos a reposição da inflação, que este ano já supera os 10%. Vejam como exemplo os servidores do estado de São Paulo. Nesse estado, simplesmente não há teto salarial definido igual aos demais estados da Federação. Resultado: o mais importante polo econômico do país paga os piores salários do funcionalismo público do Brasil. É o caso das polícias Civil e Militar paulistas, que estão entre as melhores forças policiais da nação, mas sem reajuste há muito tempo.

Mesmo assim, acordamos cedo todos os dias e vamos para o local de trabalho desempenhar nossas funções com o mesmo comprometimento. Afinal, somos servidores da população brasileira. E cumprimos nossa missão com orgulho.

Neste 28 de outubro, Dia do Servidor Público, fica aqui um apelo, principalmente aos políticos, que têm o poder de manter (e mudar) as leis. Não desmontem o serviço público do país. Não pedimos muito, não. Somente isso. Também queremos que nos ouçam.

Antonio Tuccilio é presidente da Confederação Nacional dos Servidores Públicos (CNSP).

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