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Pais devem ser livres para escolher o ensino domiciliar
| Foto: Annie Spratt/Unsplash

No segundo período da faculdade, tive aula de ciência política com uma professora que suspirava (por) e sonhava com Rousseau, filósofo francófono autor da frase o homem nasce bom, a sociedade o corrompe. Lembro de uma aula em que ela perguntou qual dos conceitos preferíamos, o de igualdade ou o de liberdade. Um a um, cada aluno, de forma pedante, sorteava mentalmente as opções e escolhia em voz alta. Talvez eu tenha sido um desses alunos, talvez eu tenha sido um dos poucos que não souberam opinar. A introdução serviu para o anúncio de um trabalho em grupo, daqueles adotados na escola e na faculdade, cujo modelo permite ao professor não ensinar e ao aluno absorver exclusivamente a própria parte na apresentação. O nosso grupo ficou com Alexis de Tocqueville, liberalista francês, autor de A democracia na América. Em algum momento do curso, me dei conta do quanto eu amo a liberdade. Qual o parâmetro da igualdade? Aquele que decide sobre a forma como devemos ser iguais foi eleito igualmente por todos?

O ensino domiciliar não busca acabar com a escola, assim como a escola particular não busca o mesmo com a pública

Se você tem filhos, provavelmente deseja que eles tenham uma formação de qualidade; as melhores oportunidades; que eles superem as conquistas familiares e tenham um futuro promissor. Ao escolher uma escola, você provavelmente leva em conta o ensino, os professores, os resultados, a estrutura e os alunos. Imagine que seja inaugurada na sua cidade uma escola internacional com um modelo de ensino finlandês. Aqui? Nesse preço!? Não acredito! Li uma matéria da Gazeta do Povo sobre a Finlândia ser referência em educação. Sem dúvida é uma excelente escola.

Se você tem a oportunidade de matricular o seu filho na melhor escola da cidade, não deixaria de fazê-lo porque seus amigos, colegas de trabalho ou clientes não podem. Assim como pais insatisfeitos com o ensino público matriculam os filhos em escolas particulares, pais insatisfeitos com o ensino tradicional ensinam os filhos em casa. Se o governo federal decretasse o fechamento das escolas particulares como forma de acabar com a desigualdade social, muitos pais entenderiam o significado de liberdade educacional. O ensino domiciliar não busca acabar com a escola, assim como a escola particular não busca o mesmo com a pública. A questão não é o conflito entre família e escola ou entre pais e professores: é a liberdade.

Isadora Palanca é escritora e autora dos livros "Regulamentações do ensino domiciliar no mundo" (Estudos Nacionais, 2022) e "Ensino domiciliar na política e no direito" (Estudos Nacionais, 2022).

Conteúdo editado por:Bruna Frascolla Bloise
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