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Em recente viagem, pude conhecer um pouco mais sobre a realidade da educação em Cingapura e na Coreia do Sul. E trouxe, na bagagem de volta, uma série de ideias para colocar em prática por aqui e também vários questionamentos.

Nas escolas de lá, o sistema disciplinar funciona de forma impressionante. A criança tem o direito de estudar e de brincar nos momentos certos, mas em nenhum deles a indisciplina é tolerada. A disciplina e o respeito são tão importantes para eles que o diretor tem o direito de dar palmadas no aluno que passar dos limites em termos de indisciplina – inclusive na frente de todos, para que sirva de lição aos outros estudantes.

Por que o Brasil é tão diferente do restante do mundo? Por que nosso país está andando para trás?

O professor está no topo da hierarquia, ao lado do rei e dos pais. Para se ter ideia, quem deseja entrar para o magistério precisa ter sido, durante toda a vida escolar, o melhor aluno.

Outro ponto de muito valor são as horas de estudo, o tempo dedicado ao aprendizado. Lá, os alunos passam nove horas por dia na escola e depois, em casa, a família ainda reitera o conteúdo trabalhado pelo professor, fazendo todo um acompanhamento severo dos estudos da criança. A família cobra, é presente e entende que é somente pela educação e instrução que indivíduo, sociedade e nação crescem e se desenvolvem.

O mérito é algo levado muito a sério. Se o aluno não se esforça, não chegará a lugar algum. Não existe ajuda do governo, cotas ou auxílios financeiros. É somente pela dedicação pessoal, pelo esforço, pelo estudo e pela luta diária por resultados melhores que o indivíduo alcança o que deseja.

Os alunos acima da média e com alto potencial recebem cuidados e tratamentos especiais – já que são eles que, futuramente, contribuirão para o desenvolvimento do país através das ciências, da tecnologia ou de qualquer outra área.

Os alunos de inclusão são avaliados e, caso haja estrutura e profissionais para atendê-los, eles podem frequentar uma escola regular. Caso contrário, eles são encaminhados para uma escola preparada para trabalhar com cada necessidade. Não existem alunos de inclusão estudando junto com os alunos “normais”, o que pode comprometer o aprendizado de ambos.

Agora, pensando na realidade brasileira, percebemos o quanto estamos à mercê de situações que impossibilitam nosso desenvolvimento. Uma série de leis estapafúrdias, criadas por quem não conhece a realidade e muitas vezes legisla em causa própria ou para ganhar votos, dificultam o avanço do país. A questão da indisciplina, por exemplo, está incontrolável, mas a Lei da Palmada – instituída de maneira errônea – deixou os pais com receio de educar seus filhos.

Por que o Brasil é tão diferente do restante do mundo? Por que nosso país está andando para trás? Por que somos hipócritas a ponto de achar que a inclusão se faz na marra dentro das escolas e que a questão das cotas resolverá o problema de negros e índios? De onde tiraram estas ideias?

Precisamos parar para pensar e avaliar onde iremos chegar desta maneira. É urgente um pensar inteligente para reverter este quadro medíocre de estabilidade obtida por meio de migalhas oferecidas pelo poder público em troca de uma harmonia mentirosa e da aceitação de tudo que vem acontecendo – desde a corrupção até as grandes mentiras que ouvimos diariamente. Qual será o futuro de nossos filhos e netos?

A educação pública está tão vergonhosa que os próprios professores que lá lecionam não deixam seus filhos viverem essa realidade e optam por escolas particulares. Por que não pode existir uma educação colaborativa? Por que, ao invés de auxiliar, o governo precisa atravancar a educação privada através de leis, impostos e pareceres que deterioram a educação particular? Não seria melhor utilizar os conhecimentos e as habilidades de gestão que a escola particular possui para então melhorar a educação pública? Por que o não às parcerias?

O professor é o mesmo, a vontade é a mesma, os ideais são os mesmos, a diferença está nas condições que lhe são dadas para realizar o seu trabalho e no respeito que ele possui em se tratando de escola particular.

As pessoas que regem a educação no Brasil deveriam passar algum tempo conhecendo a realidade destes dois países que, em 50 anos, evoluíram de maneira estrondosa. Pois é uma pena estarmos afundando numa educação fraca e vergonhosa.

Esther Cristina Pereira, psicopedagoga, é diretora da Escola Atuação e vice-presidente do Sinepe/PR.
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