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No ano passado, a Transpor for London (TfL) e o Museu do Transporte de Londres comemoraram o “ano do ônibus”, uma série de eventos e exposições para lembrar a todos sobre o papel essencial do ônibus em nossa grande cidade. Como parte das festividades, um antigo double-decker Tipo B foi restaurado e exibido em sua pintura original, vermelha e creme.

O Tipo B foi o primeiro ônibus do mundo produzido em massa. Começou a rodar em 1910 e logo substituiu os ônibus puxados por cavalos em Londres. Fiel ao desenho original, o exemplar restaurado do Tipo B trazia um grande anúncio – o de uma marca de sabão. Mesmo antes de 1910, a publicidade já tinha sido integrada à rede de transportes londrina, e ainda hoje é assim.

Não há evidência nenhuma de que os anúncios reduzem a popularidade do ônibus de Londres. Na verdade, parece ser o oposto

Do Tipo B ao novo Routemaster, os ônibus de Londres têm mostrado anúncios e ao mesmo tempo se tornaram um símbolo da cidade. Hoje temos quase 9 mil veículos rodando em cerca de 700 linhas. A cada ano, 2,3 bilhões de passageiros usam os ônibus –quase o dobro do número de pessoas que trafegam por nosso metrô. Uma pesquisa recente organizada pela TfL mostrou que os ônibus londrinos são quase tão reconhecíveis quanto os anéis olímpicos não apenas no Reino Unido, mas também nos Estados Unidos, na China e na Alemanha. O ônibus londrino não é apenas icônico, ele é visto internacionalmente como uma parte essencial da cidade: andar de ônibus entrou na lista de coisas importantes a fazer em uma viagem a Londres para mais de 80% dos entrevistados norte-americanos e quase 90% dos alemães entrevistados em nossa pesquisa.

Por uma cidade sem poluição visual

Em São Paulo, a Lei Municipal 14.223/2006, também conhecida como Lei Cidade Limpa, tem uma temática ampla: dispõe sobre a ordenação dos elementos na paisagem urbana, visíveis a partir do logradouro público em movimento ou não. Ou seja, isso também influencia a publicidade nos ônibus.

Leia o artigo de Harmi Takiya, da prefeitura de São Paulo, cidade que proibiu a publicidade em ônibus

Não há evidência nenhuma de que os anúncios reduzem a popularidade do ônibus de Londres. Na verdade, parece ser o oposto. A maioria dos passageiros londrinos prefere ônibus com anúncios, e mais de 80% dos londrinos acham que nossos veículos têm a quantidade certa de publicidade. Os moradores também mostram que os anúncios ficam em sua mente – mais de 90% dos passageiros foram capazes de lembrar espontaneamente de um anúncio, e outras pesquisas mostram que os anúncios são a maneira mais comum para um londrino descobrir que filmes estão chegando aos cinemas.

No total, a TfL gera cerca de 200 milhões de libras (cerca de R$ 940 milhões) por ano com publicidade, seja com arrecadação direta (como no metrô) ou reduzindo custos operacionais (como na rede de ônibus). A receita comercial, que inclui a publicidade, tem um papel cada vez mais importante para a TfL ao permitir que possamos investir na melhoria da rede de transporte mantendo as tarifas baixas.

Mas os anúncios são muito mais que uma fonte de receita. Dos anúncios tradicionais do nosso Tipo B restaurado à publicidade digital, eles são uma parte fundamental do cenário londrino. O crescimento da cidade foi impulsionado pelo transporte coletivo e, ainda hoje, o transporte define a cidade. A cor londrina por essência é o vermelho dos nossos ônibus. Nossos veículos sempre tiveram, e sempre terão publicidade. Ela é uma tela em mutação, refletindo a moda, as tendências e o melhor que o mundo pode oferecer. Londres seria um lugar mais chato sem os anúncios nos ônibus. Felizmente, Londres jamais será chata.

Graeme Craig é diretor de Desenvolvimento Comercial na Transport for London. Tradução: Marcio Antonio Campos.
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