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O que recomenda Jesus aos seus perseguidos? Antes de tudo alerta-os contra o medo. O pior inimigo, para quem deve anunciar o Evangelho e para quem quer dizer a verdade, é o medo. Trata-se do medo de perder a própria posição social, o salário, a estima dos superiores, de perder os próprios bens, de ser castigados, e até o medo de perder a própria vida. Quando um homem tem medo não é mais livre. No Evangelho de hoje Jesus repete por três vezes: "Não tenhais medo!" (Mt 10, 26.28.31) e cada vez apresenta um motivo para justificar a sua recomendação.

Um pregador do Evangelho tem medo, antes de tudo, porque receia que, por causa da violência desencadeada contra ele pelos inimigos de Cristo, a sua missão possa fracassar. Jesus garante, não obstante as provocações e as dificuldades, a sua mensagem se difundirá e transformará o mundo e, para ser compreendido, cita os rabinos do seu tempo. Antes de enviar os seus discípulos para discutir em público nas praças, Ele os instrui em segredo. A sabedoria deles permanecia por muito tempo escondida, mas um dia todo o povo era obrigado a reconhecer a sua sabedoria e a sua preparação. O mesmo acontecerá aos seus apóstolos. Eles talvez não chegarão a ver germinar as sementes de luz e de bem espalhadas por eles, mas deverão cultivar sempre no coração a venturosa certeza de que a messe será abundante. A sua obra não será vã, ainda que fossem condenados à morte.

Nenhuma força inimiga terá o poder de arruinar o projeto de Deus. O que aconteceu a Jesus é revelador. Os seus inimigos tinham a certeza de tê-lo derrotado para sempre, de ter colocado uma pedra enorme e irremovível em cima dele e da sua mensagem, mas na Páscoa ele ressuscitou para uma nova vida, exatamente como a semente que, jogada na terra, morre, mas brota e se multiplica.

O segundo motivo pelo qual se tem medo é o de passar por maus tratos e até receber ameaças de morte. Jesus responde: qual é o dano que os inimigos do Evangelho podem causar? Ofender, caluniar injustamente, bater, confiscar os bens, tirar a vida? Certo! Mas nada além disso. Nenhuma violência tem o poder de privar os discípulos do verdadeiro bem que possuem: a vida íntima que receberam de Deus. Diz muito bem Paulo: "Sim, eu estou certo: nem a tribulação, nem a angústia, nem a perseguição, nem a fome, nem a nudez, nem a espada, ... nada nos poderá separar do amor de Deus, que se manifestou em Cristo, Nosso Senhor" (Rm 8,35-39). Há, porém, alguém que deve ser temido: "aquele que tem o poder de ferir a alma e o corpo" (Cf. Mt 10, 28). Trata-se de tudo aquilo que pode provocar a privação da vida divina ou impedi-la de desenvolver-se. É preciso, portanto, temer antes de tudo a si mesmos e o próprio medo.

Quantos por medo de ficar sozinhos, cultivamos amizades duvidosas, ou cortamos laços que acabaram por nos escravizar e impedirmos de viver. Quantas vezes, por medo, fomos covardes, mentimos, praticamos violências e injustiças. Quem tem medo, fica bloqueado, não consegue fazer aquilo que o conduziria à plena realização da própria vida e portanto perece.

O terceiro motivo pelo qual a perseguição assusta consiste no fato que frequentemente não atinge somente uma pessoa, mas envolve também os seus familiares que podem vir a ser privados do apoio necessário para a subsistência. Jesus responde a esta objeção, relembrando a providência do Pai do céu. Não promete aos seus seguidores que nada lhes acontecerá de mal, que sempre serão resgatados, até milagrosamente, mas sim que Deus, de algum modo, providenciará o verdadeiro bem deles, se tiverem a coragem de permanecer fiéis. É muito bonita comparação dos cabelos da cabeça, cujo número somente Deus e mais ninguém conhece. O Evangelho de hoje se encerra com uma promessa: Jesus reconhecerá diante do Pai aqueles que o tiverem reconhecido diante dos homens.

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