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A taxa de câmbio é uma das variáveis mais importantes numa economia aberta. Trata-se do preço das moedas ditas conversíveis em relação à moeda local – em nosso caso, o real brasileiro. Por moedas conversíveis entendem-se aquelas moedas cujo valor de face seja estável, isso é, o seu poder de compra não exibe variação significativa ao longo do tempo. Em outras palavras, as moedas conversíveis possuem baixa volatilidade e são utilizadas como reserva de valor, de maneira que os investidores desejam nela conservar parte de sua riqueza.

A seu modo, os economistas sempre procuram racionalizar os movimentos de preços. No caso da taxa de câmbio, entre as diversas teorias disponíveis, vale mencionar a que define essa variável como um valor relativo que é subproduto das instituições que caracterizam as respectivas economias emissoras. Instituições, por seu turno, são o conjunto de leis, tradições e costumes singulares de cada país e que regem o funcionamento de uma sociedade. Desse modo, se observamos a alteração numa instituição brasileira (por exemplo, a regra do IOF sobre operações no exterior), então teremos uma mudança na relação de troca entre a nossa moeda e as demais.

Vale ressaltar que é comum verificar uma inversão nessa relação causa-efeito, particularmente nas economias em desenvolvimento. Alguns economistas desses países acreditam que, na verdade, a taxa de câmbio deve ser utilizada para moldar a economia, justificando assim o uso de políticas de controle cambial. Bastar olhar para a América do Sul e encontramos dois casos ilustres: Argentina e Venezuela.

O controle cambial, por certo, implica severas distorções socioeconômicas em prol de grupos econômicos que têm condição de "capturar" o Estado e direcionar para si os resultados das políticas públicas. Se deixada flutuar livremente, a taxa de câmbio levará uma economia aberta em direção ao ambiente de alocação eficiente dos recursos, o que significa dizer que estaremos maximizando a produção de bens e serviços e acelerando o progresso material daquela sociedade.

O regime adotado no Brasil, embora com algum nível de intervenção, está alinhado com o chamado câmbio flutuante. Trata-se de um regime em que a taxa de câmbio é resultante da interação entre a oferta e demanda de divisas – moedas conversíveis. Nesse contexto, qual será a trajetória de nossa taxa de câmbio daqui para a frente? A resposta não é simples e depende da interação das forças provenientes dos cenários local e internacional.

Do ponto de vista doméstico, o desenvolvimento de nossas instituições é condição necessária para melhorar os fundamentos de nossa economia e tornar nossa moeda forte. Ocorre que, atualmente, os investidores estrangeiros estão preocupados com a fragilidade de nossas instituições, o que tende a sustentar o atual movimento de desvalorização cambial. Aliás, esse será um tema recorrente durante as próximas eleições.

Já no front externo, a percepção dos investidores sobre as economias norte-americana e europeia está melhorando, o que naturalmente provoca a realocação da riqueza das economias emergentes para as economias desenvolvidas, reforçando ainda mais a tendência de desvalorização de nossa moeda, cuja intensidade dependerá de eventual surpresa no ritmo de recuperação dessas economias. Tudo leva a crer que teremos um ano difícil para o real, ditado por desvalorização adicional e bastante volatilidade.

Breno Lemos é professor do curso de Ciências Econômicas da PUCPR.

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