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Uma empresa que consegue atender às expectativas de todos os seus interessados (stakeholders) e também manter-se no mercado é, pode-se dizer, uma empresa de sucesso. Com base nesta afirmativa, pode-se concluir que as empresas trabalham para satisfazer seus stakeholders e perpetuar-se. Estes devem ser seus objetivos. Essa não é uma tarefa fácil, pois os tais stakeholders têm expectativas naturais e válidas, cujo atendimento necessita e concorre pelo mesmo recurso da empresa. Os acionistas e os financiadores esperam que a empresa gere valor e traga retorno adequado aos seus investimentos. Clientes esperam que a empresa tenha produtos de vanguarda, confiáveis e de baixo preço. Fornecedores desejam que a empresa compre seus produtos e serviços pagando em dia e a preços adequados.

Já o governo, as comunidades e os sindicatos esperam (deveriam esperar apenas) que a empresa ofereça boas condições de trabalho, gere empregos honestos e duradouros, pague seus impostos e taxas em dia e minimize o uso da infraestrutura pública. Os empregados esperam que a empresa lhes proporcione um ambiente de trabalho estimulante e promissor, com remuneração adequada e oportunidades de crescimento profissional. Daí decorre que satisfazer ao mesmo tempo as pretensões dos diferentes interessados requer capital, requer que a empresa tenha liquidez, isto é, dinheiro. Assim, dinheiro gerado por suas operações é o recurso que pode viabilizar o atendimento aos stakeholders.

Pode-se ainda entender que os próprios stakeholders não ajudam, ao contrário. No seu íntimo interesse, com suas exigências, eles minam os recursos da empresa. Para protegê-la é preciso haver equilíbrio na gestão e no atendimento às diversas partes interessadas. Cabe à direção executiva promover esse equilíbrio e, nos casos em que ela é incapaz de fazê-lo, devem entrar em ação instâncias superiores, os órgãos da lei e agências reguladoras.

No caso da Petrobras, o governo é um stakeholder muito poderoso e autoritário, que consegue influenciar e manipular as ações em seu próprio interesse, afetando o equilíbrio da gestão. No caso, a direção executiva da empresa subordina-se ao governo e, como resultado, a sociedade, perplexa, recebe pelo noticiário os efeitos desastrosos dessa perversa influência: a catástrofe de Pasadena, o financiamento bilionário de partidos políticos, a incapacidade de investir, a perda de valor de mercado, a queda nos lucros, o prejuízo aos milhares de acionistas minoritários e a outros grupos de stakeholders.

Esses são os efeitos. E qual seria a causa? A causa não é de caráter ideológico, mas técnico. Na gestão das organizações não pode haver desequilíbrio de forças, portanto um sócio forte, poderoso, autoritário e pretensioso como o governo não deve, jamais, participar da gestão. Trata-se de uma condição primordial para garantir os princípios da boa governança, que são a transparência, a equidade, a prestação de contas e a responsabilidade, com o objetivo de assegurar a continuidade sustentada da organização e o atendimento aos interesses naturais e válidos de seus stakeholders. E, sendo essa uma questão puramente técnica, não convém dar palavra a ideólogos de viés estatizante. Os efeitos na Petrobras estão aí, visíveis, para embasar o argumento.

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