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Pouco deve mudar na economia do país neste ano de 2006. Os indicadores econômicos não devem sofrer profundas alterações e o setor exportador, com o câmbio sobrevalorizado, deve permanecer com dificuldades. O que resta ao empresariado é apostar na atmosfera de mudança e de renovação, que prevalece neste ano eleitoral, e se mobilizar para garantir as mudanças necessárias à modernização do país.

Hoje, de um lado vemos o governo comemorar dados isolados ou pífios, como o pequeno crescimento das vendas industriais neste início do ano, como prova de acerto na condução da política econômica. De outro lado assistimos analistas que festejam a mudança de posição do Brasil no ranking mundial: subimos de 15.ª para 11.ª economia do mundo, com um PIB de R$ 1,9 trilhão, segundo cálculo da Austin Rating.

Não recebeu dos analistas qualquer consideração que isto se deva a uma anômala e destruidora valorização do real – esta "alegria contábil" representa perdas concretas de empregos e rendimentos das empresas exportadoras.

Por isso nossa responsabilidade de gestores e empreendedores não nos permite compartilhar do mesmo otimismo. A expansão moderada das vendas industriais foi conseqüência de um leve incremento da renda das famílias, aumento da oferta de crédito pessoal e crescimento das transferências do governo, com programas como a Bolsa-Família e o Bolsa-Escola.

O ritmo de crescimento das exportações está diminuindo e se concentrando nas matérias-primas e commodities. A exportação de manufaturados de maior valor agregado se reduz relativamente diante do câmbio supervalorizado.

As taxas de investimento têm sido mínimas. É verdade que tem havido novidades na direção correta, ainda que insuficientes – tais como as quedas da TJLP, agora em 8,15% ao ano, e a nova postura do BNDES financiando projetos de inovação nas empresas.

Para este ano, a indústria espera registrar crescimento de vendas nos setores conectados à Copa do Mundo, como o de eletroeletrônico e vestuário. Por sua vez, como estamos em ano eleitoral, surgirá um incontrolável sentimento de urgência em nossos governantes, os quais tenderão a ampliar os dispêndios públicos em obras e programas sociais.

Porém nenhuma dessas tendências aplaca a grande angústia do setor produtivo: o pouco que se vem obtendo em termos de crescimento econômico se deve ao grande talento e criatividade dos empresários e trabalhadores brasileiros, que fazem avançar a economia a despeito do sufocante ambiente promovido por esta política de benefício ao financismo estéril.

Sentimos falta de um projeto nacional que conduza o Brasil na direção do crescimento e desenvolvimento sustentado, que dê um norte seguro a quem produz riqueza e gera emprego no país. Nos últimos dez anos, o PIB per capita – índice que mede quanto do bolo econômico cabe a cada cidadão – aumentou 0,7% no Brasil, em média, contra 2,6% no resto do mundo.

Ou seja, o mundo está crescendo em média quatro vezes mais depressa do que o Brasil. A taxa de crescimento da Rússia e da Índia, no mesmo período, é seis vezes maior e a da China, 11 vezes maior do que a do Brasil.

A continuar neste ritmo levaremos mais de 100 anos para dobrar nossa renda per capita. Dramática performance para um país que sempre teve vocação para crescer.

Sem mudanças profundas na política econômica e na gestão do Estado continuaremos patinando, enquanto o mundo avança. É fundamental a redução substancial nos gastos públicos, nos impostos e nos juros, assim como a desburocratização, a retomada dos investimentos e um câmbio em patamar competitivo.

Por isso a grande tarefa do empresariado neste ano eleitoral é investir na mobilização para colocarmos a agenda da indústria como parte de um programa estratégico para o país. De nossa parte, estamos promovendo, nos dias 25 e 26 de abril, o Congresso Paranaense da Indústria para planejar o futuro e antecipar o desenvolvimento.

rloures@fiepr.org.br

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