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Exames de coronavírus.
Exames de coronavírus. Imagem ilustrativa.| Foto: Kirill Kudryatsev/AFP

A pandemia causada pelo novo coronavírus inaugurou um novo capítulo na história da humanidade. Capítulo esse que vem se escrevendo dia após dia, sem nos fornecer uma linha de spoiler de como irá terminar. Um capítulo sombrio, como não se via desde os tempos da grande peste; no entanto, apenas mais um a comprovar a resiliência e adaptabilidade do ser humano ante as adversidades, por piores que possam parecer.

De uma hora para outra, o mundo foi colocado em uma quarentena sem precedentes. Ninguém mais podia sair de casa. Comércios, parques, aeroportos e toda sorte de estabelecimentos foram fechados, de modo a evitar aglomerações. As autoridades sanitárias mundo afora eram unânimes: procurar hospitais apenas em caso de urgência. Com isso, ninguém mais passou a se sentir seguro fora de casa, nem mesmo para buscar auxílio médico.

Se por um lado o temor de contágio pelo novo vírus cerceava as liberdades das pessoas, por outro os números de doenças passaram a cair drasticamente. Pesquisadores do Sound Physicians, um grupo composto por quase 4 mil médicos especializados em medicina hospitalar do Instituto de Dartmouth, nos Estados Unidos, reuniram dados de internações de mais de 200 hospitais em 36 estados norte-americanos entre fevereiro e julho de 2020, e as compararam com o mesmo período do ano passado. Foi descoberto que, em meados de abril de 2020, as internações decorrentes de enfermidades que não fossem a Covid-19 caíram quase pela metade em comparação com ano anterior.

Segundo os especialistas, as pessoas passaram a adoecer menos devido aos novos hábitos adotados, como a higienização constante das mãos, o distanciamento social e a significativa melhora na qualidade do ar devido à baixa circulação de automóveis e transporte público gerada pelo lockdown.

Isso, por si só, embora altamente positivo, não seria suficientemente eficaz para garantir nossa sobrevivência como espécie. A adaptabilidade do ser humano para sobreviver a todo tipo de catástrofe está diretamente ligada à sua habilidade de criar e produzir ferramentas. É essa aptidão que nos torna resilientes e nos fez, muitas vezes, emergir das mais profundas cinzas. E dessa vez não foi diferente.

A internet mostrou-se uma poderosa ferramenta em tempos de pandemia, permitindo que as pessoas pudessem seguir com suas vidas sem precisar sair de casa. Muitos passaram a trabalhar do conforto e segurança de seus lares por meio dela. O ambiente digital, alimentado pela internet, passou a operar com um tráfego jamais visto: empresas se adaptaram para atender as crescentes demandas on-line; instituições passaram a oferecer cursos e seminários; artistas do mundo todo se reuniram para oferecer suas apresentações e, por causa da segurança e esterilização do ambiente virtual, as pessoas passaram a se utilizar cada vez mais da telemedicina.

Grosso modo, health techs são empresas de iniciativa privada que oferecem cuidados médicos por meio de uma plataforma digital, como consultas on-line com especialistas, produtos e uma série de serviços relacionados à saúde e bem-estar. Elas começaram a despontar em meados de 2010; no entanto, com toda a restrição de mobilidade e o medo de exposição gerados pela pandemia, as health techs passaram a cair no gosto dos consumidores que, cada vez mais, buscam cuidados médicos por meio da telemedicina.

Já não é mais novidade que as plataformas digitais de cuidados de saúde possibilitaram uma emancipação do paciente em relação à sua dependência por clínicas e hospitais físicos. Está havendo um movimento de empoderamento do paciente, no qual as pessoas estão realizando os cuidados de saúde em casa, se cuidando melhor e tendo maior qualidade de vida por meio do acesso a produtos e informações on-line.

Ao conectar o consumidor com profissionais de saúde, fabricantes, fornecedores e pequenos serviços voltados à saúde, como consultas on-line, as health techs oferecem uma alternativa interessante a esse novo perfil de consumidor pós-pandemia. Nessas plataformas digitais, há muitas funcionalidades essenciais e gratuitas, de conteúdo confiável, sobre questões relacionadas à saúde.

Mesmo com a mais poderosa de todas as ferramentas criadas pelo homem, a internet ainda não consegue nos adiantar sobre o final de mais este capítulo na história da humanidade; no entanto, é certamente ela que nos auxiliará na jornada para mais um desfecho de superação.

Rodrigo Correia é especialista em Saúde e CEO-fundador da startup Suprevida.

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