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Qualquer organização humana que tem uma missão ou uma tarefa para cumprir depende basicamente de dois fatores: o modelo, a forma como estão divididos os trabalhos e a qualidade das pessoas que o realizam. Em um exemplo concreto e simples, um time de futebol depende de como está organizada sua tática de jogo, como estão distribuídos os jogadores em campo. Se enfrentam um time que precisa marcar na saída, têm uma organização. Ou jogam no contra-ataque, se o adversário tiver outra característica. Outro fator é a qualidade dos jogadores: o modelo pode estar muito bem ajustado, mas se o atacante perde gol feito, se o beque falha, ou se o goleiro engole frangos, o resultado é negativo.

Usei esse exemplo para chegarmos à política, porque nosso modelo político se esgotou e ganha a ojeriza da população. Vamos ao exemplo dos deputados federais. Poucos são eleitos numa região pequena, fazem votos em praticamente a maioria dos municípios. Procuram cabos eleitorais que têm prestígio ou são vereadores, e que convencem seus eleitores a votar no deputado que apoiam. Eleitores não conhecem ou viram poucas vezes o candidato em quem votaram. Não existe vínculo, 70% não lembram em quem votaram um ano após as eleições.

Por outro lado, o deputado, para se eleger, gasta fortunas. Tem de fazer inúmeras viagens, pagar pelos serviços dos cabos eleitorais, ter veículos, gente. O candidato rico, em princípio, gasta do bolso, mas depois aprende como conseguir recursos. Procura nomear pessoas suas em empresas ou órgãos públicos – e que possam, através de sua influência, conseguir os recursos de que precisa.

Estamos falando da maioria dos candidatos, não todos. O modelo político obriga-os a serem como são e, por serem como são, têm o repudio da população.

Mas o que mudar no atual modelo? No voto, a campanha se reduz a uma pequena região. Foz do Iguaçu e Santa Terezinha, por exemplo, seriam um distrito com 200 mil eleitores. Os candidatos não precisariam gastar com viagens. O debate seria muito mais eficiente, usando muito mais intensamente a mídia local. Poderíamos ter candidatos até sem partido. A exemplo de outros países, o candidato se aproxima muito dos eleitores; não seria difícil visitar casa por casa, no mínimo apertar a mão da maioria. A população conheceria muito mais o candidato e elegeria melhor – no mínimo, votaria em quem conhece e respeita.

Mas esse modelo, para ser implantado, depende da aprovação dos que estão no Congresso. Só que eles não aprovam um modelo que os prejudicaria. Com o novo modelo, a principal atividade do representante seria atender bem a sua comunidade, e ele depende, para isso, que o governo funcione bem, tenha recursos para estradas, casas, infraestrutura, segurança. Não adiantaria nomear cargos para conseguir recursos, não precisaríamos de 39 ministérios para atender os partidos.

Quem propõe um plebiscito sabe que, se depender do atual Congresso, este modelo não será aprovado. Em vez de financiamento público de campanha, redução de custos na campanha através do voto distrital. Em vez de deputados distantes da sua população, representantes verdadeiramente integrados com as comunidades. Em vez de custos absurdos com mídias abrangendo o estado inteiro com pouco tempo para debate de ideias, nos distritos os debates seriam bem aprofundados.

Plebiscito é golpe, sim! Golpe na politicagem, na falta de representação e no modelo político ultrapassado. A única maneira é o plebiscito, e o povo precisa saber o que mudar.

Paulo MacDonald Ghisi é ex-prefeito de Foz do Iguaçu.

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