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Alternância de poder é um dos principais pilares da democracia, embora em muitos casos signifique descontinuidade de políticas públicas importantes para o desenvolvimento de qualquer país. No caso do Brasil, até mesmo quando não há alternância, há áreas fundamentais extremamente prejudicadas por não serem prioridade dos setores públicos.

Uma virtual solução mista entre a iniciativa privada e o poder público, via as Parcerias Público-Privadas (PPPs), poderia auxiliar o financiamento de obras prioritárias. Esse financiamento é muito importante, pois os recursos do governo são limitados. No entanto, essas parcerias estão muito longe de uma efetivação, devido à intensa demora na implantação de projetos que as viabilizem. O Brasil terá apenas um modesto crescimento ao ano se não criar uma infra-estrutura capaz de colaborar para o escoamento de sua produção econômica.

Não são necessários raciocínios numéricos complexos para se constatar isso. Basta a observação de estradas que chegam a portos importantes do país, como o de Paranaguá, no Paraná, onde muitas vezes se formam filas de dezenas de caminhões levando a safra de soja para exportação.

Também a experiência logística mostra que uma unidade de transporte rodoviária que faz o percurso Brasil–Argentina, por exemplo, é produtiva fazendo uma média de 3 viagens por mês. Qualquer média inferior a 2,5 viagens nesse período significa prejuízo. Sabe-se que muitos caminhoneiros chegam a ficar 10 dias parados esperando para entregar suas cargas de soja em Paranaguá, apenas porque a infra-estrutura do porto não acompanhou o desenvolvimento econômico de forma a acomodar a carga que chega. Ou seja, ao ficarem ali parados, estão no prejuízo.

Essa falha ainda se acentua quando a safra do ano não resulta em uma das mais produtivas e lucrativas. Sabemos o quanto os insumos agrícolas, como commodities, produtos cujo preço é determinado pelo mercado, estão sujeitos às variações das condições climáticas ao redor do globo. Diferentemente dos produtos industrializados, que possuem um valor agregado maior, a questão logística dos produtos agrícolas necessita de uma atenção especial, ainda mais sendo a agricultura responsável pela grande maioria das exportações de nosso país.

Já é até senso afirmar que no Brasil os gargalos logísticos atrapalham o crescimento do país, impedindo a geração de fluxo de escoamento da produção e gerando perdas de milhões de dólares a cada ano no que se refere à exportação. Para que a economia evolua será necessário reestruturar mais da metade da malha rodoviária que está sem condições de tráfego e não esquecer da importância da infra-estrutura também para a economia interna.

A precariedade da infra-estrutura nas principais rodovias brasileiras faz com que a produção agrícola brasileira tenha sua competitividade no mercado externo abalada. Muitas das estradas espalhadas pelo Brasil estão em péssimo estado de conservação. Os milhares de quilômetros de vias com "crateras", os entraves de trânsito que dificultam o tráfego e demais deficiências encontradas nas estradas dificultam uma ascensão econômica mais rápida para o país.

Se o governo voltasse sua atenção para a infra-estrutura das vias de escoamento, o tempo de estrada dos veículos cargueiros diminuiria, aumentando o número de viagens realizadas para dinamizar as exportações.

Em suma, para dinamizar as exportações brasileiras, fazer a economia crescer e gerar mais empregos, é imprescindível o investimento em infra-estrutura.

Trata-se de um efeito dominó com o qual sofrem produtores, empresas, fornecedores de serviços e, em última instância, a população, Como melhorar? Difícil dizer enquanto o país continuar investindo apenas 0,75% de seu PIB em infra-estrutura, enquanto países com economia forte chegam a investir 4,5% de seu PIB nessa área.

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