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O ano de 2014 foi marcado por escândalos de corrupção em todas as esferas da sociedade. Ainda hoje, quase que diariamente, vemos prisões e processos que, inevitavelmente, trazem as palavras "ética" e "princípios" ao centro das discussões. Acredito que não haja uma idade específica a partir da qual se deveria começar a falar sobre esse assunto com nossos filhos. Na verdade, mais do que propriamente falar sobre o tema, trata-se de "agir de acordo com", isto é, a criança pequena aprende e apreende valores muito mais pelo exemplo, pelos modelos, do que pelo discurso. Assim, cada vez que a família passa valores e orienta a criança acerca de formas de agir e se comportar diante de determinadas situações ela estará, de alguma forma, falando de ética. Isso porque a família, não importando aqui qual é o arranjo desse núcleo, é a primeira célula de socialização e internalização de valores pela criança. E cabe à família a responsabilidade pela educação para a ética da criança.

Além do modelo positivo, os pais podem chamar a atenção da criança para as necessidades do outro. É muito importante trabalhar a questão da empatia com a criança; propor a ela que sempre se coloque no lugar do outro e veja se ela gostaria/acharia correto agir de determinada maneira que porventura esteja prejudicando alguém apenas para atender aos seus interesses. É claro que, na fase egocêntrica da criança, ela terá dificuldade de entender isso, mas com certeza estará internalizando os valores que estão sendo passados. Isso faz com que as crianças, aos poucos, desenvolvam seu espírito crítico e construam sua cidadania, se tornem indivíduos que venham a contribuir para as transformações que a sociedade exige, especialmente no que se refere ao resgate de valores éticos.

O dia a dia se encarrega de trazer oportunidades para tratar do assunto com nossos filhos, como quando a criança leva para casa alguma coisa ou algum objeto que não lhe pertence, ainda que diga (e que realmente tenha sido assim) que o coleguinha lhe deu. É importante que os pais deixem claro para ela que não se pode ficar com o que não nos pertence. Já no caso das notícias que aparecem na imprensa sobre corrupção, por exemplo, os pais podem explicar o que é isso e destacar que é uma via de mão dupla, isto é, alguém propõe e outro aceita a corrupção. Outra questão séria é a da mentira. Eu não quero que a criança minta, mas peço que ela diga ao telefone que eu não estou quando não quero atender a uma ligação.

Mesmo sabendo que de casa vem a construção de valores, a escola deve reforçar o que é passado em casa. O ideal é que haja um alinhamento desses valores e cabe, assim, escolher uma escola que esteja de acordo com o que a família pensa e age.

Solange Demeterco é professora de História e Sociologia do Colégio Sion.

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