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Metaverso e o futuro da tecnologia
Metaverso e o futuro da tecnologia| Foto: Big Stock, Toppercussion/Reprodução

Ao que tudo indica, a palavra “metaverso” é o termo da vez. Em qualquer conversa que aborde tecnologia ou inovação lá está ela. Formalmente, o termo metaverso representa um espaço virtual compartilhado, que mistura a realidade física com a possível. Este espaço é potencializado por tecnologias como realidade aumentada, inteligência artificial e internet. Em resumo, metaverso é a reunião do virtual com o real. É a possibilidade de uma pessoa poder circular por ambientes virtuais, da maneira mais plena que quando transita pelo espaço físico, interagindo social e comercialmente, sem limitações de distância ou de tempo. Talvez a Copa do Mundo de 2030 possa ser assistida através do metaverso. Imagine-se dentro de um estádio, de forma virtual, sendo representado por meio de um avatar, assistindo, junto com pessoas reais, à final dessa copa. Você, na sua casa, vestindo óculos de realidade virtual (VR), luvas e roupas com sensores interagindo com pessoas de carne e osso como se estivesse no próprio estádio!

Da forma como é tratada atualmente, a palavra metaverso surgiu pela primeira vez no livro cyberpunk Snow Crash (Nevasca), de Neal Stephenson, lançado em 1992. Naquela época a internet comercial estava na sua versão inicial, os computadores ainda não estavam preparados para a virtualidade e todas as relações econômicas e sociais eram feitas de forma analógica. Três décadas depois, discutimos a iminência da aplicação desse conceito nos negócios e nos relacionamentos. A ficção científica pode virar realidade virtual e real.

O impacto do metaverso é diverso. O namoro virtual comporta desde um espaço para encontros de pessoas reais que irão se conhecer depois até os relacionamentos de seres humanos com programas de computador e namoradas ou namorados 100% digitais. Quem poderá dizer o que será considerado normal?

O fato é que, assim como os grandes interesses se juntaram para fazer possível que o homem chegasse à Lua, atualmente um volume parecido ou até maior de capital está apostando no metaverso.

Da mesma forma que vemos pessoas viajando por meio de mapas virtuais e “street views” durante a pandemia, quando ficaram impossibilitadas de viajar, já podemos vislumbrar pacotes de viagens sem sair de casa entre os possíveis produtos do metaverso. Experiências desse tipo já existem em grandes parques temáticos e atrações turísticas pelo mundo – e serão potencializadas. Explorar o corpo humano por meio de realidade virtual (quem sabe navegar dentro dele), ou participar de experiências “de campo” sem sair de casa ou das salas de aula serão ferramentas de aprendizagem disponíveis na maioria das escolas e universidades. Para complementar tudo isso, a inserção paulatina das criptomoedas e do conceito de blockchain dá toda a chancela necessária do ponto de vista monetário para completar a integração necessária desse ecossistema.

No início da década de 2000, o lançamento do jogo digital Second Life, que propunha para seu jogador inseri-lo em uma realidade virtual como se fosse uma segunda vida, já dava sinais de que havia interesse da indústria na criação de um metaverso. Posteriormente, o lançamento de aparelhos como óculos de realidade virtual, câmeras fotográficas de 360 graus e relógios inteligentes possibilitaria o fortalecimento desse conceito.

Atualmente, o que permite acreditar que o metaverso seja uma tendência provável são os grandes investimentos realizados para desenvolver uma série de negócios ligados ao conceito. Recentemente, Mark Zuckerberg, criador do Facebook, anunciou empreendimentos ligados ao desenvolvimento do metaverso. Entre eles, aparelhos de realidade virtual, softwares específicos, pesquisa e desenvolvimento e até a mudança do nome da controladora das suas empresas, que agora se chama Meta. Com o mesmo objetivo, porém seguindo um caminho tecnológico diferente, Elon Musk, CEO de empresas como Tesla e SpaceX, pretende, através da sua empresa Neuralink, desenvolver chips que, inseridos dentro dos humanos, possibilitariam que estes experimentem realidades virtuais a partir do próprio corpo.

O quê de tudo isso vai dar certo? É uma pergunta difícil de responder. O fato é que, assim como os grandes interesses se juntaram para fazer possível que o homem chegasse à Lua, atualmente um volume parecido ou até maior de capital está apostando no metaverso.

Acha que apostar no metaverso é sonhar demais? Há pouco mais de uma década, Steve Jobs popularizava seu smartphone e a loja de aplicativos, rapidamente copiados por concorrentes e disseminados em larga escala. Desde então, o capitalismo mudou. Foi uma revolução. E é algo assim o que se espera para o metaverso, que ainda está na sua fase “discada”.

Hugo Eduardo Meza Pinto é economista, doutor, sócio da empresa de economia criativa Amauta e professor da Faculdade Estácio. José Guilherme Silva Vieira é economista, doutor, professor e chefe de Departamento de Economia da Universidade Federal do Paraná.

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