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Imagem ilustrativa.| Foto: Amplitudy/Pixabay

A Quaresma nada mais é que um caminho a ser trilhado pelos católicos. Talvez, um dos mais importantes caminhos ao longo desta jornada de fé percorrida pelos cristãos. Isso porque nos leva ao ápice das nossas celebrações: a Páscoa, ressureição de Cristo. Assim, compreende-se o convite à conversão por meio de orações, jejuns e penitências durante os 40 dias que antecedem a festa central da cristandade. Uma prática herdada dos primeiros cristãos, que se preparavam para celebrar a vitória sobre a morte, embora tenha sido instituída na Igreja somete no século 4.º.

Hoje, o tempo quaresmal é adequado a exercícios espirituais, a liturgias penitenciais, a peregrinações, a privações voluntárias, jejuns, partilha fraterna e tantas outras obras de caridade e missionárias. E tudo isso nos ajuda a entender-nos, compreender-nos e sermos pessoas cada vez melhores. Afinal, o mundo precisa disso. E voltar nossos olhares, pensamentos e reflexões para Deus é sempre uma oportunidade de poder fazer a diferença na sociedade em que vivemos, seja em nossa família, seja em nosso ambiente profissional. Enfim, com quaisquer pessoas com que convivamos.

O fato é: precisamos redirecionar nossos passos para o Senhor. E aproximar-se mais de Deus significa converter-se. Mudar de lado, mudar de direção. Isso se traduz em novas atitudes frente às que vínhamos praticando. Desde as mais simples às mais complexas. Deixar as fofocas de lado, praticar a honestidade nos negócios, preferir sempre a verdade, ajudar o próximo, ser mais solidário com quem necessita, e assim por diante. São ações benéficas de que o mundo e a sociedade precisam, mas que dependem da atitude de cada um de nós.

Digamos, então, que a Quaresma é aquele tempo “detox”, em que nos voltamos para dentro de nós mesmos, refletimos sobre nossa vida e ações. E damos passos firmes em direção à mudança. Em direção à renovação, à restauração, à ressureição. E sabe o que é melhor? Cristo está ao nosso lado. Da mesma forma que Ele atravessou o deserto durante 40 dias, foi tentado pelo demônio e superou os desafios, ajudar-nos-á a enfrentar as tentações que a vida nos impõe. Algumas são muito semelhantes: o desejo de obter coisas por caminhos contrários à dignidade e à fé; a glória, o sucesso e a fama, se adorarmos ao demônio; e o desafio do endeusamento, de utilizar o poder para subjugar os outros e vangloriar-se.

Se Jesus resistiu às tentações, nós também conseguiremos. Porque, embora não sejamos Deus como Ele, temo-Lo ao nosso lado para levantar-nos quando cairmos; ou ao Espírito Santo, que conduz nossos passos pelos caminhos tortuosos e difíceis. Até porque todo caminho de fé que se preze é repleto de obstáculos e espinhos que servem, inclusive, para o nosso crescimento e desenvolvimento pessoal. Superá-los é parte do processo de conversão e, com a Quaresma, não é diferente.

Estamos, portanto, prestes a iniciar essa jornada, agora em 2021. Um tempo diferente, em tempos difíceis. Depois dos impactos e consequências da pandemia do coronavírus, é hora de rever nossos valores e em quem depositamos nossa confiança. É hora de dedicarmos mais tempo à nossa família, é hora de valorizarmos mais a vida, é hora de praticarmos mais a ética e a honestidade... enfim, é hora de caminharmos mais ao lado de Jesus. E progredir na fidelidade a Cristo. Em santidade, generosidade e em nossa conduta como um todo.

Aliás, tudo isso deve se multiplicar durante todo o ano. Não apenas no período quaresmal. É que o número 40 na Bíblia significa um tempo de preparação. Tal qual Moisés no Monte Sinai, Noé em sua arca ou o próprio Cristo no deserto. Entretanto, essa preparação deve ser feita a todo momento. Porque é sempre que precisamos voltar nosso olhar para Cristo. Ou melhor, não desviá-lo Dele. Assim, de fato, seremos pessoas melhores o tempo todo. Não apenas em fragmentos da vida. Assim, defenderemos a vida, a família, a liberdade, a dignidade humana, o protagonismo do cristão na sociedade. E aí, então, nosso tempo quaresmal terá valido a pena porque, realmente, nos preparou para a ressureição de Cristo.

Padre Rodolfo Trisltz é pároco e reitor do Santuário de Nossa Senhora Aparecida, em Londrina (PR).

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