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O título deste artigo é uma das maiores incógnitas que temos hoje em nossa sociedade. Quem são essas crianças e adolescentes que estamos formando? O que elas pensam, quais seus sonhos e planos para o futuro? Como enxergam o mundo e as gerações passadas?

Vivi recentemente uma experiência muito rica e diferente. Acompanhei um grupo de 16 jovens entre 12 e 13 anos em uma viagem pela Europa por duas semanas para aperfeiçoar a fluência da língua inglesa. Nesse período, pude constatar que – curiosamente – o comportamento deles é igual ao de um camaleão, que vai mudando conforme o ambiente.

Para os adolescentes de hoje o que vale é a aparência, o ter, o parecer

Já convivia diariamente com eles dentro da escola, no período da manhã; mas nesta jornada passamos 24 horas por dia juntos. E na convivência diária começamos a observar comportamentos que são muito preocupantes. Vou citar alguns exemplos que para refletirmos: como arrumar uma mala? Como manter o quarto organizado? Como preparar um café com leite? Como lavar um par de meias? Como descascar uma laranja? Muitos deles não sabiam como realizar tais atividades. Em contrapartida, na tecnologia eles são de uma esperteza de tirar o fôlego. Em se tratando de produtos para maquiagem, tratamentos de cabelo, marcas e roupas, são excelentes.

Mas o que mais mexeu com minha visão de mãe e pedagoga foi observar a falta de emoção e sensibilidade. Saudade: é como se não conhecessem este sentimento. Não havia uma preocupação em saber da família, dos pais... desolador! A preocupação era com o que havia sido postado no Facebook e observações em relação ao estilo de roupa usada, mostrando verdadeiramente que o que vale é a aparência, o ter, o parecer.

Esses jovens tocarão o mundo, serão nossos futuros gestores, políticos, os adultos do amanhã. Como imaginar o mundo na mão deles? Será que existirá um olhar coletivo? É óbvio que não; a individualidade e o egoísmo serão dois quesitos interiorizados de tal maneira que o outro não será visto.

Para educadores e pais, vale uma grande ressalva: precisamos pensar em formas de lidar com esse novo perfil de ser humano. Como mudar? O que fazer? Vale a reflexão!

Esther Cristina Pereira, psicopedagoga, é diretora da Escola Atuação e vice-presidente do Sinepe/PR.
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