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Novilíngua. É esse o termo cunhado por George Orwell em sua célebre obra “1984” para designar não um mero neologismo de ficção, mas, sim, um verdadeiro método de ação de governos antidemocráticos que pretendem se impor pelo controle da narrativa desvirtuando o uso e o sentido tradicional de palavras existentes.

O PT é mestre no uso da novilíngua. Ao longo dos últimos 13 anos de governo pauta e tenta controlar a narrativa existente. Transformou, por exemplo, o sentido e o uso da palavra “oposição”, que de grupo político legítimo contrário passou a ser “inimigo, sabotador, fascista” contra quem toda e qualquer atitude é legitimada. Até o “acarajé”entrou na dança, de prato típico da culinária baiana passou a ser entendido como sinônimo de propina que engordou os cofres do Partido dos Trabalhadores.

Não é “golpe”! É impeachment: punição conferida ao presidente que pratica crimes de responsabilidade

O mais novo uso da técnica antevista por Orwell feita pelos petistas é a tentativa de desvirtuar o significado e o uso da palavra “golpe” que querem igual a impeachment. Os manifestantes profissionais pagos pelo partido e suas franjas cantam a todo fôlego que “não vai ter golpe”. A (ex)-presidente(a) e o (ex)-quase-ministro sitiante abraçam a tese e dizem que os mais de 80% dos brasileiros que querem o impeachment de Dilma são golpistas. Nada mais ridículo!

Aspectos políticos não podem subverter aspectos jurídicos

O processo de impeachment, claro e inequivocamente previsto na Constituição Federal de 1988 como instrumento de controle sobre os poderes, é jurídico-político, sinalizou o advogado geral da União, José Eduardo Cardozo, quando defendeu a presidenta Dilma Rousseff na Comissão Mista da Câmara dos Deputados

Leia artigo do deputado federal Enio Verri (PT-PR)

Que “golpe” é esse que: (i) está previsto na Constituição Federal em seu art. 85; que o seu rito foi validado pelo STF – composto por ministros indicados pelo governo – em ação (ADPF 378) proposta por partido da base; (ii) é conduzido por uma comissão processante da Câmara criada com aval dos partidos governistas que dela fazem parte e na qual testemunhas de defesa e o advogado-geral do PT – que nas horas vagas faz o papel de AGU – foram ouvidos; (iii) já foi apoiado pelos petistas para depor legitimamente um presidente? Seriam os constituintes golpistas? Seria o Supremo e seus ministros golpistas? Seria a Câmara dos Deputados golpista, inclusive os “golpeados” do PT que dela fazem parte? É golpista, então, o PT?

Não é “golpe”! É impeachment: nome dado à punição conferida ao presidente da República que pratica crimes de responsabilidade no exercício do mandato, explica-se àqueles que desconhecem a Constituição Federal, como os petistas que não a assinaram!

E os crimes existem às pencas: violação à lei orçamentária com aumento dos gastos em mais de R$ 100 bilhões e através das “pedaladas” que são os créditos ilegais obtidos junto à bancos públicos e ao FGTS representados pela utilização de recurso dessas instituições e da poupança do trabalhador para pagar despesas do governo; sem falar na improbidade administrativa da mandatária que é conivente com a corrupção na Petrobras, de cuja administração a mãe do PAC fazia parte. Tudo isso é crime previsto nas Leis 1079/50 e na Lei de Responsabilidade Fiscal, e ensejam o impedimento da presidente como manda a Constituição.

Portanto, não há “golpe”; há crimes cometidos pela mulher sapiens que serão punidos com a arma constitucional do impeachment. O único golpe em curso é a tentativa desesperada do PT de tentar, mais uma vez, desvirtuar a realidade e fazer valer a sua novilíngua, não para governar o país e os brasileiros, mas simplesmente para manterem suas sinecuras e evitarem a cadeia. É patético!

Paulo Eduardo Martins é jornalista e deputado federal (PSDB-PR).
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