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Quem foi Pier Giorgio Frassati, o novo santo da juventude

Generoso, obstinado e cheio de vida, Pier Giorgio Frassati entregou sua juventude ao serviço de Deus. Foi chamado por João Paulo II de ‘apóstolo alegre de Cristo’. (Foto: Massimo Percossi/EFE/EPA)

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No dia 7 de setembro de 2025, 80.000 fiéis reuniram-se na Praça de São Pedro para as duas primeiras canonizações do Papa Leão XIV: Carlo Acutis e Pier Giorgio Frassati. Durante sua homilia, o papa dirigiu-se especialmente aos jovens, apresentando as vidas desses novos santos — embora breves — como guias de santidade.

Ele disse sobre Frassati: “A vida de Pier Giorgio é um farol para a espiritualidade leiga. Para ele, a fé não era uma devoção privada, mas era movida pela força do Evangelho e por sua participação em associações eclesiais. Ele também se dedicou generosamente à sociedade, contribuiu para a vida política e entregou-se com ardor ao serviço dos pobres.”

Pier Giorgio Frassati nasceu em 6 de abril de 1901, em Turim, numa rica família burguesa. Seu pai, Alfredo, era advogado e embaixador, além de fundador e diretor do jornal La Stampa. Sua mãe, Adelaide Ametis, era uma pintora apaixonada e bem-sucedida. Ambos os pais eram agnósticos. No entanto, o pequeno Pier Giorgio foi profundamente tocado pelas histórias do Evangelho, a ponto de reagir de formas inesperadas para uma criança tão pequena.

Os Frassati eram uma das famílias mais proeminentes da cidade, mas o menino preferia ser o “carregador” dos pobres, puxando carroças cheias de pertences de famílias despejadas pelas ruas de Turim.

Pier Giorgio continuou ajudando os necessitados, ficando conhecido por doar tudo o que possuía aos pobres. A Catholic News Agency relata que ele “chegava a usar o dinheiro da passagem do ônibus para a caridade e depois corria para casa, para não perder a refeição.”

Sua irmã Luciana, um ano mais nova, era companheira inseparável nos jogos e nos estudos. Pier Giorgio estudou no colégio “Massimo d’Azeglio” e depois no “Instituto Social”, dirigido pelos Padres Jesuítas. Ali começou a prática da Comunhão diária, que manteve por toda a vida.

Em 1918, matriculou-se no Politécnico de Turim, cursando engenharia mecânica com especialização em mineração, para “servir a Cristo entre os mineiros”. Participava do “Militates Mariae” da Ação Católica da paróquia da Crocetta e inscreveu-se em várias associações religiosas, como o Apostolado da Oração, um grupo de jovens adoradores noturnos, e a Congregação Mariana.

Durante uma estadia na Alemanha, Giorgio dedicou-se a visitar museus, instalações de mineração, clubes juvenis e obras católicas de assistência aos pobres, confirmando sua vocação leiga.

Como membro da Conferência de São Vicente, visitava famílias carentes para levar conforto e ajuda material. Costumava fazer isso pela manhã, antes das aulas, ou à noite, carregando pacotes.

Em maio de 1922, na igreja de São Domingos, em Turim, recebeu o hábito de terciário dominicano. Assim, rezava diariamente o terço, que sempre carregava no bolso do peito, sem hesitar em tirá-lo para rezar no bonde, no trem ou até mesmo na rua. “Meu testamento”, dizia ele, mostrando o terço, “eu sempre o carrego no bolso.”

Dinâmico, determinado, cheio de vida, Giorgio amava o alpinismo. Muitas vezes caminhava até o Santuário da Madonna di Oropa, nos Alpes de Biella, Itália. Chegava ao santuário após uma hora de caminhada em jejum absoluto, participava da Missa e da Comunhão. No caminho de volta, rezava o terço pelas ruas, cantando em voz alta as ladainhas.

Em sua última escalada, escreveu uma simples anotação em uma fotografia: “Verso l’Alto” — “Para o Alto.”

Esse se tornaria seu lema. Um estilo de vida.

Em 30 de junho de 1925, Pier Giorgio adoeceu de forma repentina, sofrendo fortes enxaquecas e perda de apetite. Não era uma gripe banal, mas uma poliomielite fulminante. A doença o levou em apenas quatro dias, em 4 de julho, causando perplexidade e dor à sua família, amigos e conhecidos. Ele tinha apenas 24 anos.

Pier Giorgio nasceu para a vida eterna em um sábado, dia mariano, assim como tinha vindo ao mundo em um Sábado Santo, 24 anos antes. Em 20 de maio de 1990, foi beatificado na Praça de São Pedro por São João Paulo II.

Naquele dia, como parte do meu dever, eu estava na guarda de honra mais próxima do altar. Ao meu lado havia um cardeal em cadeira de rodas, por isso as câmeras frequentemente focalizavam nele e, consequentemente, em mim. Meus pais, parentes e muitos amigos me viram na TV naquele dia e fizeram questão de me contar.

Do meu posto, ouvi João Paulo chamar Pier Giorgio de “apóstolo alegre de Cristo.” Ele proclamou, pelo exemplo de Giorgio, que vale a pena sacrificar tudo para servir ao Senhor.

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Sua vida testemunhou que a santidade é possível a todos e que somente a revolução da caridade pode acender nos corações dos homens a esperança de um futuro melhor

João Paulo o propôs como um “modelo heroico de perfeição cristã” e, no domingo, 7 de setembro de 2025, o Papa Leão XIV, ao elevá-lo à glória dos altares, recordou-nos disso.

À primeira vista, a vida de São Pier Giorgio Frassati não apresentava nada de extraordinário. Mas é justamente esse o caráter original de sua virtude, que convida à reflexão e impele à imitação.

Nele, fé e vida cotidiana se fundiram de forma tão harmoniosa que a adesão ao Evangelho se traduziu em amor atencioso aos pobres e necessitados, em contínuo crescimento até seus últimos dias. Nada o impediu de manter uma relação constante com o Senhor.

Seus dias terrenos foram todos imersos no mistério de Deus e dedicados ao serviço constante aos outros. Pier Giorgio foi um cristão leigo, cuja vocação se manifestou em múltiplos compromissos associativos e políticos, em uma sociedade agitada, indiferente e, às vezes, hostil à Igreja.

Ele viveu com alegria e orgulho, comprometendo-se a amar Jesus e a reconhecer no Senhor os irmãos que encontrava, buscando-os em lugares de sofrimento, marginalização e abandono, transmitindo-lhes o calor de sua solidariedade e o consolo da fé.

Hoje, Pier Giorgio demonstra que o segredo da santidade, vocação universal dos batizados, está realmente ao alcance de todos, porque, quando o coração está cheio de Deus, a fé se traduz em generoso serviço ao próximo.

Que São Pier Giorgio Frassati seja um mestre a ser seguido!

Mario Enzler é conselheiro sênior do presidente da Heritage Foundation e autor de “I Served a Saint”.

©2025 The Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês: The Brief, Servant’s Life of Newly Sainted Pier Giorgio Frassati

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