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Ao anunciar o valor da passagem de metrô a R$ 2,45, a prefeitura de Curitiba abriu precedentes para questionarmos com ainda mais veemência o atual valor da passagem de ônibus, subsidiada a R$ 2,70. Como os modais metrô e ônibus terão de ser obrigatoriamente integrados, quando o metrô entrar em operação a passagem de ônibus também custará R$ 2,45?

A pergunta se baseia em um dos instrumentos de um sistema integrado: a tarifa única. Na audiência pública sobre o metrô curitibano realizada recentemente, a prefeitura informou que o valor final da passagem do metrô deverá ser uma composição de cinco fatores: os custos de cada um dos três consórcios de transporte coletivo de Curitiba, o custo da tarifa dos ônibus metropolitanos e o custo da tarifa do metrô.

Como confiar no custo do modal ônibus se esse custo foi investigado pela CPI do Transporte Coletivo, que apontou indícios de irregularidades e a necessidade de revisões na planilha, que contém 70 itens e compõe o custo de todo o sistema hoje existente?

Como relator da CPI, me debrucei sobre as informações que nos foram repassadas, utilizei meu conhecimento técnico de engenheiro mecânico fazendo e refazendo cálculos para descobrir o valor real do serviço de transporte coletivo. Por isso, defendo que é possível, sim, baixar com responsabilidade a passagem de ônibus e chegar a R$ 2,22. Mas, para isso, precisaríamos de uma ação enérgica do Ministério Público, da Justiça e também da prefeitura.

Assim como precisaríamos da mesma força de vontade para implementar uma boa solução para a integração multimodal: o bilhete único, modalidade tarifária que usa o tempo e não o número de viagens. Dessa forma, com uma taxa mensal de aproximadamente R$ 120 (equivalente a um tanque de combustível), o usuário poderia utilizar quantas vezes fosse necessário qualquer transporte público da cidade dentro do prazo de um mês. E sucessivamente teríamos bilhetes únicos para usar o transporte público por um dia, uma semana, um mês e até um ano. Tudo eletrônico. As integrações hoje restritas aos terminais e alguns pontos passariam a ser possíveis em todos os pontos de parada da cidade.

Reduzir a passagem é possível, assim como a implantação do bilhete único é fundamental para tornar o nosso sistema de transporte mais atraente para os novos usuários. A integração com o carro e a bicicleta em estacionamentos próximos aos grandes terminais de transporte coletivo existentes em Curitiba também é essencial. São iniciativas como essas que farão de Curitiba uma cidade melhor no futuro, voltando a ser modelo de transporte público.

Bruno Pessuti, engenheiro mecânico, é vereador e foi relator da CPI do Transporte Coletivo da Câmara Municipal de Curitiba.

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