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É evidente que o atual sistema eleitoral tem resultado na redução de qualidade das representações do povo no Legislativo. Todos têm saudade da cultura, do brilhantismo e da conduta exemplar dos senadores e deputados federais Alberto Pasqualini, Adauto Lúcio Cardoso, Aliomar Baleeiro, Carlos Lacerda, Almino Afonso, Bento Munhoz da Rocha Neto, Acioli Neto e outros de igual quilate. Mas, atualmente, professores universitários, líderes estudantis e operários, idealistas de vários matizes nem sequer se candidatam, pois sabem que não seriam eleitos em pleitos maculados pela influência do poder econômico e da corrupção eleitoral.

A nação não suporta mais campanhas financiadas por banqueiros, empreiteiros, fornecedores, companhias de transporte coletivo e empresas diversas vinculadas ao poder público, que depois se locupletam com os favores governamentais, sendo esse o principal vetor da corrupção que exaure as energias do país.

A reforma política não pode esperar mais para corresponder ao anseio popular expresso nos movimentos de rua e no clamor das multidões. Porém, os integrantes do Senado e da Câmara Federal não têm disposição nem vontade para mudar as normas vigentes pelas quais conquistaram seus mandatos. Daí o acerto da proposta da presidente Dilma de convocar um plebiscito para o eleitorado escolher suas preferências.

A reforma política que eu gostaria de ver inclui financiamento oficial; veda a contribuição de pessoas jurídicas, permanecendo apenas as individuais, com limite máximo de três salários mínimos; institui voto distrital misto – 50% distrital, 25% em lista partidária e 25% pelo voto proporcional vigente.

Também é preciso aprovar mínimo de 30% de participação feminina nos legislativos e o fim dos marqueteiros nos programas da Justiça Eleitoral, sem cenas externas e sem o teleprompter pelo qual os candidatos leem os textos redigidos por terceiros.

Para um golpe mortal na roubalheira, devem ser eliminados perante os órgãos fiscalizadores os sigilos fiscal e bancário dos parlamentares, dos ocupantes de cargos executivos e dos servidores que exercem cargos de confiança nos três poderes – isso extensivo aos parentes de até segundo grau.

O imperativo da hora presente é que as eleições vindouras obedeçam a novas regras, simplesmente votadas pelo Congresso Nacional ou submetidas à decisão popular através de plebiscito.

Léo de Almeida Neves, ex-diretor do Banco do Brasil e ex-deputado federal, é membro da Academia Paranaense de Letras.

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