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Nossa democracia não está feita, não é a melhor, e por isso requer a participação esclarecida de todos para a sua confi­­guração

De acordo com a pesquisa da Datafolha de 21/10, "88% dos eleitores brasileiros se dizem totalmente decididos contra 10% que ainda cogitam a possibilidade de mudar de opinião." A disputa será muito acirrada e com maior razão deve-se respeitar a opção política de todos os cidadãos.

O respeito e a responsabilidade são os valores que constituem o código genético das sociedades democráticas. As ações contrárias a essas duas virtudes destroem a capacidade de uma coletividade orientar-se em direção ao bem comum. São valores indiscutíveis, pois condicionam a existência do sistema democrático.

A eleição do novo presidente no domingo é um direito-dever, na medida em que confere um ato soberano à liberdade individual e alimenta o processo de construção democrática. Nossa democracia não está feita, não é a melhor, e por isso requer a participação esclarecida de todos para a sua configuração. O voto é um dever saudável ao ser fruto da reflexão séria de todos os cidadãos. O voto desavisado contribui para a proliferação da apatia política, favorecendo apenas os políticos inescrupulosos.

A atenção do eleitor precisa dirigir-se aos projetos apresentados pelos candidatos e se fixar na consistência atual e futura desses projetos. Sobretudo, o que interessa são os aspectos-chave para a consolidação da nossa democracia. A paixão é inimiga da razão, pois obscurece o que de fato a sociedade necessita.

Nessa escolha o que se deve considerar é o debate de ideias e o projeto de ações futuras. As discussões sobre o que se fez de mal apenas tem sentido para deixar de errar e ter projetos consistentes para o futuro. Qual candidato está propondo algo consistente? Qual candidato tem visão de conjunto dos problemas nacionais? A questão do rombo da previdência será resolvida por qual deles? Quem trará melhores soluções para a questão da infraestrutura insuficiente?

Temos uma taxa de juros estratosférica e o número de cargos na máquina estatal, em comparação a países avançados, é exagerado e estimula a corrupção: quem melhor poderá resolver estas questões? Não há "almoços grátis" e em algum momento alguém pagará a conta, e será você e eu. É o que está ocorrendo na França com relação à reforma previdenciária.

A maturidade democrática passa pela capacidade de compreensão dos eleitores dos problemas e analisar objetivamente as soluções. A mentira, a violência e o desrespeito jamais serão o caminho para a construção democrática.

Outro argumento importante para a escolha do candidato refere-se ao tipo de pessoas que fazem parte dos seus quadros de colaboradores e futuros aliados. Há situações que não foram investigadas a fundo e os mensalões graçam por toda a parte.

Voto consciente requer escolher aquele candidato que sabe formar uma equipe de trabalho honesta e competente, que tenha capacidade de atrair pessoas éticas e de talento a sua volta. Possuir visão de conjunto dos problemas e um repertório de experiências que deem significado e orientação às ações corretivas e aos projetos futuros. Não basta decorar respostas para os debates televisivos. A liderança eficaz é consistente.

O líder eleito deverá ser proativo e ter autocontrole. Deverá governar a complexidade de um continente de quase 200 milhões de habitantes. Deverá governar o Brasil de todos, não de um só partido, e respeitar as divergências legítimas dos seus cidadãos.

A construção da democracia brasileira exige o voto consciente de cada cidadão, e somente se torna escolha consciente, se o que a motiva, não for uma crença, ou percepção superficial, mas um conhecimento que procura responder às questões mais prementes da sociedade brasileira. O bom médico é o que cura o doente e por vezes o tratamento exige sacrifícios. O mau médico pode receitar "remédios" que produzem efeitos passageiros, mas não curam a doença. É necessário para bem votar, decidir por meio de critérios de veracidade, competência, respeito e responsabilidade.

Paulo Sertek, doutor em Educação pela UFPR, é autor de Responsabilidade Social e Competência Interpessoal, Empreendedorismo e Administração e Planejamento Estratégico. E-mailpaulo-sertek@uol.com.br

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