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Num mundo de rápidas mudanças, necessita-se de maior agilidade do Estado, porém as práticas clientelistas ainda permanecem, haja vista os resultados das últimas eleições

Cooperação, serviços e inovação são as marcas diferenciais das sociedades competitivas do século 21. Para a escolha do presidente do país, é condição-chave o debate sobre as propostas dos candidatos sobre a competitividade brasileira, a fim de se ter políticas de desenvolvimento humano e social sustentáveis.

Três ingredientes passaram para a agenda das nações e empresas na atualidade e não poderão ficar distantes da atenção de todos os brasileiros: a cooperação interna e externa, o crescimento da área de serviços como gerador de riquezas e o fomento do caráter empreendedor-inovador em todos os níveis da sociedade brasileira a começar pela inchada máquina do Estado.

Não se pode pensar estrategicamente sem um olhar acurado à dinâmica da inovação em todo o país, porquanto a competitividade passa necessariamente pela inovação de ruptura com sistemas de governo adiposos e castrantes da inovação de caráter social.

Inovação exige a reforma política, especialmente sobre o modo como se escolhem os representantes públicos; a inovação exige a ruptura com sistemas que replicam a rede de corrupção política em que os raposões federais criam os raposões estaduais. A inovação exige "disrupção" política, isto é, ruptura com os padrões clientelistas atuais.

Gary Hamel destaca que, "o progresso econômico é produto de um ou mais entre quatro tipos de inovação: a social, a institucional, a tecnológica e a de gestão." Pode-se negligenciar no debate algo tão necessário?

Sabe-se que as nações passam por fases no seu desenvolvimento. Na infância, a sua competitividade se dá através dos recursos naturais, porém, como são escassos, e consumíveis, esgotam-se com o passar do tempo. Na adolescência, a competitividade se faz com salários baixos, o que também não é sustentável, a longo prazo, pela aspiração por melhor qualidade de vida dos cidadãos. Na juventude, já esgotados os baixos custos salariais, a estratégia passa a ser a busca da qualidade de produtos e serviços. O país volta-se à qualidade aprimorando os seus processos para conseguir preços competitivos no mercado.

Na idade madura, a lógica da competitividade empurra a nação em um funil sem precedentes: inovar ou morrer! Já não basta fazer as coisas com qualidade e preços baixos, pois se necessita da competência em desenvolver diferenciais de posicionamento no mercado, que geram utilidade para os consumidores em um mercado globalizado.

Nesse aspecto, cabe repensar o Brasil desde a perspectiva sócio-política porque a política e os políticos entram neste jogo da competitividade na medida em que permitem ou servem-se de uma máquina pública esclerosada.

Num mundo de rápidas mudanças, necessita-se de maior agilidade do Estado, porém, as práticas clientelistas ainda permanecem, haja vista, os resultados das últimas eleições em que, nem de longe, a qualidade do candidato é o que define a sua eleição, apenas a sua capacidade econômica.

Neste contexto, é evidente que a competitividade estará condicionada ao custo Brasil, dos portos inoperantes e ineficientes, das estradas danificadas, que limitam qualquer técnica moderna de logística, dos aeroportos em condições insuficientes de operação, entre tantos outros problemas de infraestrutura. Hoje já não se discute a necessidade do estilo de gestão ágil. É necessária a implementação de estratégias de inovação abertas, cooperativas, que eliminem o clientelismo e sem deixar faltar a administração transparente que gere confiança e comprometimento de todos os funcionários.

Chama atenção a pobreza de valores morais que cercam alguns políticos e são esses valores que dão a orientação para a tomada de decisão. No momento em que se abdicam dos valores por uma questão de governabilidade, escolhe-se o pior pacto: o pacto dos corruptos. Em toda barganha sobre valores morais quem perde é o Brasil. A sabedoria dos pactos está na sua qualidade moral intrínseca. As alianças que transigem com a dignidade e a justiça são escusas e precisam morrer com aquilo que já está podre.

Pensar o Brasil, perto do segundo turno, requer ter em conta, de acordo com Tomás Calleja que "somente a riqueza que se cria a partir dos valores (éticos) tem possibilidades de criar o futuro (...) É necessário inventar o crescimento solidário, já que, sem a solidariedade suficiente, sem a solidariedade inteligente, não é possível o crescimento sustentável. O crescimento solidário é o novo invento de saber investir na sociedade".

Paulo Sertek, doutor em Educação pela UFPR, é autor de Responsabilidade Social e Competência Interpessoal, Empreendedorismo e Administração e Planejamento Estratégico. paulo-sertek@uol.com.br

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