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Em carta recente dirigida ao governador Beto Richa e ao prefeito Gustavo Fruet, reavivei o antigo desejo da comunidade paranaense de uma sede definitiva para a Escola de Música e Belas Artes do Paraná (Embap). Nela ressalto que esse anseio vem desde os anos 70 do século passado. Desde então, inúmeros projetos foram apresentados, mas todos permaneceram no papel.

A escola vem sendo obrigada há 65 anos a habitar espaços inapropriados ou de terceiros, mendigando prédios e salas para levar adiante seus elevados propósitos. Hoje despende anualmente mais de R$ 1 milhão em aluguéis de três prédios, quantia essa que poderia ser investida numa sede própria. E mesmo em condições precárias, a Belas Artes, como carinhosamente é conhecida pelo público paranaense, vem se constituindo em patrimônio cultural do Paraná, sendo responsável por uma sólida formação de artistas e educadores, orgulho maior da sociedade paranaense.

Agora surge uma solução que se mostra viável: há um espaço disponível – o Centro de Criatividade de Curitiba –, existe vontade de fazer e há convergência de interesses no sentido de, enfim, dotar a Embap de sua sede definitiva, um espaço no qual ela poderá continuar sendo referência nacional em pesquisa, produção e performance artísticas.

O projeto de reavivar o espaço histórico do Centro de Criatividade tem caráter somativo: a intenção é que os atuais cursos ali oferecidos compartilhem espaço com os da Belas Artes. Esse propósito tem de estar acima de interesses pessoais ou corporativos. Artistas, agentes culturais, produtores e autoridades públicas devem atentar para o interesse público. Será necessária uma modificação de hábitos e cessão de espaços – alguns compartilhados, outros transferidos, outros ainda inventados. Com serenidade, deve-se ter em mente que esses espaços são públicos e que o uso deve permanecer de interesse público. Quem ganha? Toda a cidade de curitiba e toda a sociedade paranaense.

Hoje a Embap oferece oito cursos de graduação, além das especializações e programas de extensão. No futuro, poderá expandir suas atividades para outros cursos. Toda a rica produção da Belas Artes poderá atingir um número muito maior de usuários que hoje não têm acesso a um direito de todos –desfrutar de atividades culturais e artísticas –, justamente pela falta de instalações adequadas que permitam a ampliação dessa oferta.

O que se está propondo nada mais é do que um novo conceito de utilização de equipamento urbano, para o qual não serão necessários projetos mirabolantes, mas tão-somente sensibilidade em utilizar de forma criativa e inovadora os espaços de que a cidade já dispõe.

É com esse intuito que artistas, professores e a comunidade paranaense preconizam a instalação da Embap junto ao Centro de Criatividade de Curitiba. Mais que uma solução engenhosa, é o primeiro passo para que nossa antiga Vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, que já foi chamada de Cidade Sorriso, Cidade Universitária e Cidade Ecológica, venha a ser também Cidade das Artes.

A instalação da Belas Artes no Centro de Criatividade é mais uma solução criativa que só Curitiba pode propor. Depende apenas da sensibilidade dos nossos governantes e do apoio da sociedade civil.

Maria José Justino, doutora em Estética e Ciências das Artes pela Universidade de Paris, é diretora da Escola de Música e Belas Artes do Paraná (Embap).

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