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As cidades brasileiras an­­tes tinham garoa. São Paulo da garoa, o "fog" londrino de Londrina... Nesta semana vimos fotos de Cascavel, no Oeste, mostrando que temos tornado e com mais frequência. Santa Catarina foi atingida há alguns anos e também em 2009.

Quanto às causas, no momento temos um revólver fumegante e um suspeito: são a falta de florestas e a consequente falta de reposição da umidade na atmosfera, quadro que permite que a radiação solar aqueça o solo sem obstrução. As árvores seguram o vento também diretamente, por atrito mesmo, mas isto tudo, em termos científicos, não é suficiente. A ciência precisa da digital do suspeito no revólver, uma foto, uma testemunha. Enfim, querem a prova conclusiva, o que neste caso é um erro.

A prova conclusiva é necessária quando ela define uma medida sem retorno, a pena de morte por exemplo. Quando a decisão a ser tomada é benéfica por tantos outros motivos, (alguns deles urgentes) então uma prova circunstancial é suficiente.

A prova circunstancial é que uma única árvore transpira algumas centenas de litros de água por dia. De cada 20 ha de Mata Atlântica de antes hoje só sobra um, dezenove foram cortados. Isto para mim é prova suficiente para ação.

Nesta semana também vimos as fotos da tempestade de areia em Ribeirão Preto. Areia vermelha, seca, levantada alta pelo vento como em um deserto. Nenhuma novidade; ao contrário, elas se parecem com o Meio Oeste norte-americano dos anos 20, se parecem com o Oeste do Rio Grande do Sul e com o Ira­­que, que está agora todo empoeirado, mas que já foi o celeiro de grãos do mundo.

Conseguimos criar alguns desertos e ampliar os já existentes, o que mostra nossa capacidade de mudar o clima. Temos inclusive a capacidade de mu­­dar o clima para melhor como nos ensinam algumas populações semitribais do Níger, às margens do deserto do Saara, onde o plantio generalizado de árvores melhorou o clima. Es­­tamos 2.000 anos à frente deles em tecnologia e 2000 anos atrás em resultados.

Nesta semana o governo brasileiro esteve se digladiando por causa de uma meta de liberação de carbono para Copenhague. Não comentei sobre este tema ainda hermético porque ele não interessa. Exatamente por ninguém se importar com ele, tanto faz 350, 320 ou 400 partículas de poluentes por milhão. Se nem meus alunos universitários sa­­bem isso direito, quantos votos podem ter atrás disto? Sem votos, não haverá fiscalização destas metas. Deixemos o governo cuspir qualquer número bonito que lhe venha a cabeça. Tanto faz.

Efraim Rodrigues, Ph.D. em gestão ambiental, é professor associado da UEL e consultor de um programa de desenvolvimento da FAO-ONU.

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