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As instituições de ensino se caracterizam, sobretudo, por serem complexas e diversificadas, vivendo em uma espécie de “crise permanente”, que reflete um mundo de desafios sempre presentes. E as oportunidades estão associadas a continuar expandindo o acesso à educação em todos os níveis, em escala e em qualidade, mesmo quando o cenário externo indica aumento de desemprego e diminuição de poder aquisitivo.

Albert Einstein, talvez o mais brilhante cientista do século passado, pouco antes de seu falecimento, em 1955, deixou o seguinte comentário: “Crise é a bênção que pode ocorrer com as pessoas e países porque traz progressos. A criatividade nasce da angústia, como o dia nasce da noite. É na crise que nascem invenções, descobrimentos e as grandes estratégias. Quem supera a crise supera a si mesmo sem ficar superado. Sem crise não há desafios, sem desafios a vida é uma rotina. Sem crise não há méritos. É na crise que aflora o melhor de cada um. Falar de crise é promovê-la. Acabemos com a única crise realmente ameaçadora, que é a tragédia de não querer lutar para superá-la”.

Precisamos caminhar de forma acelerada em direção a uma educação híbrida e flexível

É preciso perceber – e o quanto antes melhor – que, na educação, mudanças profundas estão em curso e precisamos identificá-las, entendê-las e usá-las estrategicamente. Por exemplo, no ensino superior, entre tantas outras novidades, o estudante ingressante não é mais somente aquele jovem que recentemente completou o ensino médio e, quase precocemente, se definiu por esta ou aquela futura profissão. O perfil contemporâneo, progressivamente, inclui um novo público mais adulto, com suas características específicas, demandando naturalmente novas metodologias de ensino, a incorporação competente das tecnologias digitais e outras abordagens de aprendizagem diferenciadas.

Há de se focar no educando, conhecê-lo profundamente e ter como maior motivação a formação de profissionais competentes e inovadores, aptos a enfrentar os desafios de um futuro basicamente incerto e quase imprevisível. Precisamos caminhar de forma acelerada em direção a uma educação híbrida e flexível, na qual as boas características de ambas as modalidades – presencial e a distância – poderão ser contempladas simultaneamente e de forma muitas vezes complementar.

Enquanto no ensino tradicional priorizava-se o desempenho individual, nas abordagens educacionais contemporâneas o trabalho em grupo ocupa espaço preferencial, estimulando o produzir em equipe. O espaço de aprendizagem tipicamente delimitado pela escola espalha-se pelo não espaço que contempla o ambiente doméstico, o do trabalho e o caminho de um para outro. De fato, estamos diante de um novo paradigma espaço-temporal, sem limites de qualquer natureza.

Na educação superior, o que esperar de um profissional formado é tudo menos o mesmo, se compararmos décadas atrás com os tempos atuais. Um grande complicador é que o que se espera atualmente, em termos de competências, inclui os requisitos de ontem somados aos novos atributos. Um resumo de todas as mudanças está na diferenciação entre competência técnica e competências múltiplas, ou, em outras palavras, entre cognição e metacognição.

Houve um período em que era quase suficiente o domínio de um conjunto razoavelmente delimitado de conhecimentos, associado a processos cognitivos e a um elenco restrito de técnicas e procedimentos básicos contidos nos currículos-padrão definidos para cada profissão. O dilema atual é que esse cenário simplesmente não funciona mais. Em complemento à competência técnica existem múltiplas habilidades, associadas ao mundo da metacognição, a serem desenvolvidas e estimuladas. O aspecto comportamental é absolutamente crucial quando um profissional depara-se com um problema inédito, um tema inovador ou tecnologias recentes.

Enfim, crises existem para serem superadas e educação de qualidade e para muitos é, de longe, a melhor ferramenta contemporânea de que dispomos.

Ronaldo Mota é reitor da Universidade Estácio.
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