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Apesar da Agência Central Coreana de Notícias (KCNA) ter afirmado que os testes nucleares conduzidos no último dia 9 foram um "sucesso", dois perigos iminentes retornam à tona. O primeiro vem diretamente dos efeitos que uma explosão nuclear pode causar ao meio ambiente. A geração de ondas de calor com temperaturas equivalentes ao do Sol, ventos superiores aos gerados pelo furacão Katrina (300 km/h) e ainda as conseqüências trazidas pela poeira radioativa, responsável pelo surgimento de diversos tipos de câncer e mutações genéticas causadoras de problemas mentais e deformidades generalizadas em fetos, são alguns dos danos imediatos. Outros possíveis efeitos de grande relevância são a possível contaminação de lençóis freáticos, assim como a criação de eventos sísmicos com capacidade de destruição em larga escala.

As condições geológicas do local de teste e o perfil dos túneis de acesso são fatores importantíssimos para evitar tais problemas. Cientistas indianos informaram que nenhuma radioatividade foi detectada horas depois do teste realizado pelos norte-coreanos. Segundo S. K. Malhotra, do Departamento de Energia Atômica da Índia, se as condições geológicas não forem adequadas, os resultados de testes nucleares podem ser desastrosos. Danos, tais como fissuras ligando o local da explosão à superfície, provocados pela atividade sísmica podem liberar radioatividade na atmosfera e contaminar o ar, animais e plantas. Por outro lado, a agência meteorológica do Japão relatou que um tremor atingindo 4,2 pontos na escala Richter ocorreu na costa nordeste da península coreana, região do teste, a cerca de 100 km da fronteira com a China.

O segundo perigo decorrente do teste nuclear vem do aumento da tensão diplomática entre a Coréia do Norte e demais países, como Estados Unidos, Japão, China e a União Européia. Apesar da existência do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP) existir desde 1965, países como a Índia, Paquistão e Israel (membros da ONU), não signatários desse acordo, demonstram publicamente ao mundo seus esforços na corrida nuclear. Em 1998, a Índia e o Paquistão realizaram testes nucleares que foram condenados pela comunidade internacional, levando indianos e paquistaneses a sofrerem sanções.

O governo norte-americano qualifica a atitude da Coréia do Norte como "provocativa" e pedem medidas contundentes ao Conselho de Segurança da ONU. Segundo o secretário adjunto de Estado, Christopher Hill, os Estados Unidos "não admitirão a Coréia do Norte como uma nação possuidora de armamentos nucleares". Japão, França, Inglaterra e demais países da União Européia também condenam o ato norte-coreano como ameaçador à segurança e à paz internacional. A Coréia do Sul, que sempre viveu tensa relação com a vizinha Coréia do Norte, já colocou as Forças Armadas em estado de alerta. Enquanto isso, a China apela por calma e pede que a situação seja contornada com a volta das conversações envolvendo os Estados Unidos, Rússia, Japão, China, Coréia do Sul e, fundamentalmente, a Coréia do Norte, interrompidas pouco mais de um ano.

Em nota oficial, o Itamaraty condena os testes nucleares norte-coreanos e ainda acrescenta "ao reiterar sua posição em favor do desarmamento e da não-proliferação de armas de destruição em massa, em particular as armas nucleares, o governo brasileiro condena o anúncio de Pyongyang, que agrega tensão ao quadro regional e internacional". O Brasil também pede que a Coréia do Norte reintegre-se ao TNP e volte às negociações.

É lamentável que no início do terceiro milênio, com tantos avanços científicos e tecnológicos, homens ainda acreditem que a força bruta seja uma alternativa.

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