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Transformação digital ganha impulso também no setor público
| Foto: Pixabay

É inegável que a pandemia de Covid-19 acelerou a transformação digital de empresas em todas as partes do mundo. O que antes estava previsto para acontecer em meses ou anos saiu do papel em semanas, seja um e-commerce, uma política de home office e até mesmo a telemedicina.

Em geral, pensamos sobre a transformação digital sob o ponto de vista do setor privado; porém, o impacto vai bem mais além. Apesar de contar com menos recursos disponíveis para investimentos em razão do baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) nos últimos anos e menor flexibilidade orçamentária, o setor público vem se dedicando à digitalização de serviços, tendência que se acelerou a partir da pandemia de Covid-19.

No Brasil, o governo federal, que tem a meta de transformar 100% dos serviços prestados em digitais até 2022, já digitalizou mais de 50% deles, com economia estimada em R$ 2,2 bilhões ao ano, segundo os dados oficiais. Hoje não é mais necessário aguardar até 17 dias por uma carteira de trabalho – o documento é emitido na hora, por exemplo. Desde o início da pandemia, quase dois serviços passaram a ser oferecidos pela internet a cada dia.

Entre as infraestruturas de TI em alta no setor público destacam-se o colocation (data center terceirizado) e a migração de dados para a nuvem (cloud), que permitem obter mais capacidade com menor investimento e de forma mais rápida do que ampliar os data centers próprios (e antigos). É o que têm feito empresas como a Caixa e a Petrobras, instituições de ensino como a USP e órgãos como o Ministério da Saúde. Com a digitalização do SUS (Sistema Único de Saúde), a rede pública poderá criar uma linha do tempo de atendimento de cada cidadão, ampliando a eficiência do serviço. Usar com inteligência as informações coletadas é um dos maiores benefícios que a digitalização pode trazer, especialmente se a população é beneficiada.

Vejamos outro exemplo. Para expandir o uso de serviços compartilhados, uma prefeitura precisa identificar outros municípios com o mesmo problema para que possam trabalhar juntas em uma solução, poupando tempo, pessoal e recursos. Isso vale inclusive para ações dentro de um mesmo município envolvendo diferentes órgãos e secretarias. Assim como no caso do SUS, o caminho pode ser migrar parte da infraestrutura de TI para a nuvem, ou então para um centro de dados terceirizado onde seja possível realizar conexões diretas com parceiros e com as próprias provedoras de cloud.

Além da imensa capacidade de processamento e armazenamento de dados, a nuvem é flexível, de modo que o cliente paga pelo que ele consome. A Receita Federal tem picos de acesso nos meses de março e abril. Nos demais meses do ano, a demanda cai; ou seja, a instituição não precisa ter a mesma capacidade de processamento disponível, pois ela ficará ociosa. É como pagar a TV por assinatura de uma casa de praia que fica ocupada em dezembro e janeiro apenas. As soluções podem e devem ser moduladas de acordo com as necessidades do mercado.

A nuvem também é uma aliada valiosa nos planos de recuperação de desastres. Enchentes, incêndios e outras catástrofes podem atingir um data center; imagine o tamanho do dano causado se todos os dados estão armazenados em um mesmo local e sem backup. Em vez disso, é possível espelhar os elementos críticos de TI na nuvem, garantindo um retorno mais rápido das atividades.

A transformação digital transcende as diferenças entre os setores público e privado. Com os negócios cada vez mais interdependentes e habilitados para a nuvem, eles precisam alcançar um novo nível de confiabilidade, segurança e conectividade instantânea para se manterem competitivos e atenderem às expectativas dos usuários. Precisam acessar as clouds e dados em tempo real, por meio de uma conexão direta e segura, evitando a internet pública, que certamente não é indicada para o tráfego de dados sensíveis.

Manter todos os dados on-premises, ou seja, em data centers próprios, está definitivamente caindo em desuso. Segundo pesquisa do Gartner, 80% das empresas terão fechado seus data centers tradicionais até 2025. Em 2019, 10% delas já tinham adotado outros modelos de processamento de dados.

No entanto, ao planejar as novas soluções de TI, é preciso considerar as características e necessidades de cada serviço: grau de segurança, velocidade, latência, escalabilidade, entre outros, uma vez que há uma variedade de arquiteturas possíveis, com diferentes combinações (cloud pública, privada ou híbrida; data center próprio ou terceirizado; conexão direta ou internet pública). Passamos do momento de falar sobre transformação digital, seja no setor público ou privado – o momento é de partir para a ação.

Eduardo Carvalho é presidente da Equinix no Brasil.

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