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coronavírus vacina
Pesquisador trabalha em uma vacina contra o novo coronavírus no laboratório de pesquisa da Universidade de Copenhague, na Dinamarca| Foto: Thibault Savary/AFP

Nada será como antes, o "novo normal" está aí dizem os futurólogos, os mesmos que não conseguiram prognosticar a pandemia que estamos vivendo. Nem de perto estava nas previsões desses Nostradamus 4.0, vaticinar a recessão (ou depressão) econômica e suas consequências que estamos vivendo, nem quando a Covid-19 já era uma realidade no mundo, nem, quando o vírus chegou ao Brasil.

Atualmente, esses iluminados consultores do futuro se atrevem a vislumbrar "novas" formas de trabalho, novos modos de fazer negócios e inovadores procedimentos econômicos. Dizem que, a partir de agora, as empresas terão que se reinventar, ser inovadoras, ser resilientes, repensar seu modelo de negócios, "Pivotar" (diversificar e reestruturar seus negócios) etc. Analise comigo, caro leitor, desde quando as empresas não precisaram fazer isso tudo para se mantiverem vivas e crescerem ao longo do tempo?

Evidentemente, há muito tempo, as empresas, os governos e as pessoas não eram colocados nessa situação. Talvez desde a Peste Negra (1.347 - 1.351), que matou mais de 200 milhões de pessoas ou do surgimento da Varíola em 1.520 ou a Gripe Espanhola, entre os anos de 1.918 e 1.919 (cada uma matou mais de 50 milhões de habitantes), as pessoas não sintam tamanha sensação de insegurança com respeito ao futuro. Entretanto, o discurso vigente de alguns analistas que tentam analisar essa situação, é de que nada será como antes porque a pandemia criou condições. Isso não é ao todo verdadeiro, numa análise ampla, analisando as relações econômicas e de trabalho. Podemos, por exemplo, ver que o home office já existia e era uma tendência, assim como as compras on-line e o delivery já estavam no ritmo crescente. As aulas remotas e o ensino à distância já eram um modo de ensino, o uso de robôs e da inteligência artificial já têm diminuído os postos de trabalho. Os governos dos países desenvolvidos já pensavam em políticas de renda mínima para pessoas que não conseguissem se inserir no mercado. Tudo isso antes da pandemia.

Pesquisa recente da McKinsey & Company M&S sobre os impactos da Covid-19 no Brasil mostram algumas tendências interessantes. Está ocorrendo um aumento das compras on-line em 40%, apesar do corte de renda da população, e a perspectiva é a manutenção dessas compras on-line pós Covid-19. Além disso, a pesquisa revela que 35% das pessoas entrevistadas reduzirá suas idas às lojas físicas. O varejo está migrando com força para a internet!

Nessa mesma tendência, as pessoas que, antes da crise, ainda iam às agências bancárias ou lotéricas para pagar suas contas e, agora utilizam internet, não duvidarão em continuar realizando suas transações on-line pós-pandemia.

No âmbito dos novos negócios, talvez os grandes fundos de capital que atuam no mercado cobrem mais resultados positivos às empresas que ainda não dão lucro, são consideradas promissoras, como o Uber que, no primeiro trimestre de 2020, teve US$2,9 bilhões de prejuízo e queda de 18% no faturamento.

Aos poucos a atividade econômica está voltando a funcionar nos países que já controlaram a pandemia. Fotos de restaurantes e de teatros que mostram como o distanciamento social passa a ser uma prática recorrente, nos dizem que, dar viabilidade econômica a esses negócios, será cada vez mais desafiador. Esse comportamento da sociedade é natural, afinal, todos os seres humanos lutarão sempre para se mantiverem vivos. Ao respeito, Albert Einstein dizia: “Estranha criatura o homem; não pede para nascer, não sabe viver, e não quer morrer”. Foi assim o comportamento humanos nas outras pandemias, não será diferente agora. Tudo isso até a vacina para a Covid-19 surgir e voltar tudo ao “quase” normal.

A pandemia não trouxe elementos novos para a economia e para a sociedade, ela acelerou processos que já estavam em andamento. Nada novo, tudo rápido.

Considero que a volta à normalidade será um fato, a conduta das pessoas, das empresas e dos governos, sempre será defensiva, tem a ver com a análise de risco. Enquanto não houver um controle à pandemia, o risco em todos os segmentos será natural, de autopreservação. Os beijos e os abraços como forma de saudação e de comprimento voltarão quando a vacina chegar. Nada novo, a vida seguirá sendo sempre cíclica até a próxima crise.

Hugo Eduardo Meza Pinto, economista e doutor, é professor da Faculdade Estácio Curitiba e associado da empresa de Economia Criativa Amauta.

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