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Felipe Lima

Na reta final de um ano movimentado para o Brasil, novos dados internacionais sobre a qualidade da educação de nossos jovens foram divulgados, trazendo um panorama mais uma vez alarmante. Esse é um recado sério para os governantes, a comunidade escolar e toda a sociedade, diagnosticando que o país inteiro está muito distante do nível de aprendizagem das nações desenvolvidas.

Os números do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) 2015 mostram que o aprendizado dos estudantes brasileiros de 15 e 16 anos está estagnado em um patamar de qualidade muito baixo. Dos 72 países participantes do Pisa 2015, o Brasil se encontra na 59.ª posição no ranking de Leitura, 63.ª em Ciências e 66.ª em Matemática. As notas médias dos estudantes brasileiros nas três áreas tiveram queda em relação à edição de 2012, embora de maneira não muito significativa.

Os países que apresentam os melhores desempenhos no Pisa têm em comum algumas políticas

Os novos dados representam um alerta para um país que celebrava, à época da edição de 2012, ser o que mais havia aumentado a pontuação em Matemática desde 2003. O cenário de avanço se alterou e, de 2012 para 2015, aumentou a proporção de estudantes brasileiros que não alcançaram o nível de Matemática que a OCDE estabelece como necessário para que o estudante possa exercer plenamente sua cidadania. A porcentagem de estudantes nessa situação atingiu 70,3% em Matemática, 56,7% em Ciências e 51,0% em Leitura, e há também significativas disparidades entre os resultados dos estados.

Diante desse panorama, que caminho o Brasil pode seguir para avançar na educação? De modo geral, apesar das grandes diferenças entre os países participantes do Pisa, os que apresentam os melhores desempenhos ao longo dos anos priorizaram algumas políticas: fizeram a profissão docente ser mais prestigiada e seletiva; direcionaram mais recursos para as crianças com nível socioeconômico mais baixo; colocaram a maioria dos alunos em pré-escolas de alta qualidade; ajudaram as escolas a estabelecer uma cultura de melhoria constante; e adotaram expectativas de aprendizagem (currículo) rigorosas e consistentes para todos os alunos.

Ao olharmos para o Brasil, constatamos um cenário preocupante para os três primeiros itens, algum avanço no quarto – ao considerarmos indicadores como o Ideb – e boas esperanças para o quinto, com o avanço da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Dentre esses pontos, o mais urgente, se quisermos ver avanços significativos na aprendizagem dos nossos alunos, é o que se refere à figura do professor. Precisamos repensar as políticas de atratividade e valorização da carreira, a estrutura de formação inicial e, no curto prazo, os programas de formação continuada das redes.

Nesse sentido, em 2017 devemos aproveitar todas as oportunidades para estruturar essas políticas que podem efetivamente conduzir o sistema educacional brasileiro a patamares elevados de qualidade e equidade. Esse voto de ano novo não é um sonho; é uma meta que deve ser partilhada por toda a sociedade – a da oferta de educação de qualidade para todas as crianças e todos os jovens como eixo central do projeto de desenvolvimento do nosso país.

Olavo Nogueira Filho é gerente de projetos e Caio Callegari é analista de conteúdo técnico do movimento Todos Pela Educação.
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