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As cidades são feitas pelas pessoas e para as pessoas. As pessoas têm de ser felizes morando na cidade. Por isso, devem ter suas necessidades bem atendidas

Hoje se considera que a capital paranaense é o que já se costuma chamar de núcleo urbano central da região metropolitana de Curitiba. Assim, qualquer solução urbanística deve envolver todos os municípios dessa região, principalmente os limítrofes. Soluções para Curitiba precisam ter conotações físico-territoriais, econômicas, políticas, sociais e ambientais, sempre levando em conta os aspectos do desenvolvimento urbano nas demais cidades da região.

É importante lembrar que no planejamento e na busca de soluções devem estar presentes os princípios básicos do urbanismo, como habitar, o trabalhar, o circular, o recrear corpo e espírito e o respeito ambiental, no sentido de que as atividades das pessoas possam ser organizadas seguindo tais aspectos. Quanto mais próximas das habitações se localizam as atividades de trabalho, de atendimento social e de lazer, menos complexa será a circulação, ocorrendo, por exemplo, uma diminuição da demanda. O automóvel poderá dar lugar a um sistema de transporte coletivo rápido, eficiente e confortável.

Em termos físicos, Curitiba e os demais municípios da região metropolitana deveriam ser organizados de tal forma que vários centros congregassem as atividades da população, de acordo com os princípios básicos já citados. O centro tradicional de Curitiba, atendendo às necessidades de primeiro nível para toda a população da região; os centros secundários nos bairros da capital e os centros dos municípios da região metropolitana. De consequência, as pessoas não precisariam mais se locomover tanto de um ponto a outro, atravessando – como acontece hoje – o centro tradicional ou o município da capital. Todo o atendimento às necessidades das pessoas estaria concentrado em cada um desses espaços chamados de centros secundários.

O desenvolvimento urbano de Curitiba e das cidades da região metropolitana deveria estar voltado para essa forma de organização (centro tradicional, centros secundários e centros dos demais municípios) onde tudo, em termos de trabalho, lazer e atendimento social (segurança pública, saúde, educação, cultura), possa ser descentralizado e colocado na menor distância possível dos locais em que as pessoas moram.

Um zoneamento de uso de solo deveria ser elaborado de forma a permitir a implantação desses centros, reorganizando as atividades em função desta compreensão de como as pessoas vão viver, trabalhar, se locomover. A propósito: Curitiba já tem caracterizados alguns incipientes centros secundários, hoje constituídos pelas Ruas da Cidadania.

O atual centro do núcleo urbano central teria reforçado o papel de sediar as atividades de primeira grandeza, como o sistema bancário principal, o sistema universitário e o centro administrativo estadual, entre outros.

Evidentemente, para que o sistema de circulação da cidade possa melhorar muito é fundamental a existência de algumas linhas de metrô na grande Curitiba: no sentido Norte-Sul, inicialmente, que atingisse Santa Cândida, passando nas proximidades do centro, até o Pinheirinho e chegando depois à Fazenda Rio Grande; e também no sentido Leste-Oeste. Ao mesmo tempo é indispensável estabelecer com qualidade um sistema de vias que permita interligar o centro de Curitiba com os centros secundários da capital e com os centros dos municípios vizinhos não só de forma radial, mas também de maneira tangencial para que as pessoas possam ir de um centro para outro sem cruzar o atual centro da capital.

As cidades são feitas pelas pessoas e para as pessoas. As pessoas têm de ser felizes morando na cidade. Por isso, devem ter suas necessidades de habitação, trabalho, atendimento social, lazer, circulação, segurança extremamente bem atendidas. E existem grandes questões que precisam ser resolvidas de maneira conjunta, como o abastecimento de água e a proteção dos mananciais, a coleta e a deposição do lixo, criando usinas de tratamento e beneficiamento do lixo e o transporte coletivo integrado. Portanto, é preciso pensar numa organização política que permita o relacionamento dos prefeitos em toda a região metropolitana, e do governo do estado de maneira integrada e eficiente, numa organização social que atenda todas as pessoas com qualidade e numa organização física com critérios de sustentabilidade ambiental.

Luiz Forte Netto, arquiteto e urbanista, é ex-presidente do Ippuc e ex-secretário de Estado do Desenvolvimento Urbano do Paraná.

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