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 | Albari Rosa/Gazeta do Povo
| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Com mais de 40 anos de experiência no comércio varejista e na atividade empresarial, sou, assim como milhões de empreendedores, testemunha de quão elevado é o preço que todos pagam quando tentativas de solução promulgadas pela área governamental não produzem o efeito anunciado. Estão na memória de todos os resultados ruinosos dos planos econômicos baixados pelos governos nos anos 90, cujo fracasso serviu para aumentar ainda mais o descrédito dos investidores nacionais e internacionais nas políticas públicas e finanças do país.

Entretanto, mesmo diante das perdas acumuladas pelo flagrante irrealismo de alguns desses planos, o empresário dotado de verdadeiro espírito de luta jamais deixou de acreditar e apostar no potencial de desenvolvimento, reunindo as forças quase ao ponto da exaustão para suplantar o retrocesso, que é uma marca evidente no cenário político e econômico das últimas décadas, obrigando os brasileiros a pagar um preço elevado para sustentar a máquina pública dos três poderes.

Mais um ano chega ao fim e, com ele, o drama de muitos que viram escorrer pelo vão dos dedos as economias amealhadas com sacrifício para investimento num negócio próprio, que infelizmente naufragou na voragem de um sistema tributário injusto, da burocracia, da inflação, das altas taxas de juros, dos juros dos cartões de crédito e da inadimplência, entre outras adversidades.

O Brasil tem um compromisso com o futuro de nossos filhos e netos

Depois de muita espera e promessas jamais cumpridas, vemos tardiamente o início dos debates em torno da reforma da Previdência sob o risco calamitoso, caso a reforma não seja aprovada, da absoluta falta de recursos para o pagamento de aposentadorias e pensões na altura do ano de 2024.

As demais reformas são também imprescindíveis e o Brasil estará condenado a ser um país de segunda classe se não desentupir imediatamente os gargalos de um sistema político-partidário esdrúxulo, dos desequilíbrios da tributação e das relações entre capital e trabalho, sem falar nas políticas públicas para a saúde, educação, segurança e bem-estar social. Trabalhadores e empresários não conseguem mais sustentar o atual sistema.

O Brasil tem um compromisso com o futuro de nossos filhos e netos, a quem é de inteira justiça o legado de uma nação próspera e governada por administrações enxutas e eficientes, acima de tudo capazes de dar segurança aos investidores e recuperar o prestígio que perdemos no âmbito internacional. Nesse particular, não há como negar o apoio irrestrito às ações até aqui realizadas pela Operação Lava Jato, cujo impacto na apuração e punição da ganância com que criminosos do colarinho branco se apropriaram do dinheiro público levou multidões às ruas exigindo a continuidade das investigações do crime hediondo da corrupção, e até mesmo o impeachment da então presidente da República.

Responsabilidade fiscal nos gastos da União, estados e municípios, respeito ao princípio da meritocracia, ética e transparência devem fundamentar a reconstrução nacional. Somente assim teremos um país justo, honrado e confiável não apenas para seus cidadãos, mas para o mundo – e aí, sim, metas para o futuro.

Na última mensagem que dirijo aos leitores na condição de presidente da ACP, o faço com a certeza de que valeu a pena enfrentar o gigantismo de uma crise sem precedentes, sem perder a fé e a confiança no Brasil. Fiz minha parte nesses dois anos e meio, mas sei que não foi o suficiente porque a luta por um Brasil melhor e mais justo continua. Como brasileiro, amo este país e vou continuar lutando pelas causas em que acredito. Muito obrigado a todos.

Antonio Miguel Espolador Neto, empresário, é presidente da Associação Comercial do Paraná.
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