O estado não teve e, ainda não tem, uma política de desenvolvimento sustentado para os seus terminais aéreos. Não planeja e tampouco consegue executar obras e ações de curto, médio e longo prazo
Num país continental como o Brasil e, em um estado pujante como o Paraná, possuir bons aeroportos, equipados, é imprescindível para a descentralização dos negócios. Além da geração de novos empreendimentos e empregos no interior e não apenas no cinturão metropolitano de algumas poucas cidades, ou da capital.
Não se avalia o quanto pode fazer diferença para uma cidade/região a presença de um bom terminal aéreo, que facilitará o acesso de executivos de multinacionais e, desta maneira, poderá vir a ser o "fiel da balança" na escolha desse ou daquela local para a implantação de um determinado negócio. Isso sem mencionarmos o transporte de cargas, importantíssimo para algumas indústrias que produzem determinados manufaturados com alto valor agregado, que dependem desse modal para ser mais competitivo. E o turismo, que tem nos voos fretados uma fabulosa alavanca.
Porém o estado não teve e, ainda não tem, uma política de desenvolvimento sustentado para os seus terminais aéreos. Não planeja e tampouco consegue executar obras e ações de curto, médio e longo prazo.
Há um bom tempo enviamos expedientes para os nossos governantes (inclusive para o atual), sugerindo a criação de um Departamento Aeroportuário no Paraná, mais ou menos nos moldes do Departamento Aeroportuário de São Paulo (Daesp), a fim de darmos o devido suporte para as principais cidades e regiões do estado na construção e melhoria dos seus terminais aéreos. Dessa maneira, o estado poderá elencar os principais gargalos existentes e solucioná-los da maneira mais adequada ao longo do tempo, não sendo surpreendido pela falta ou deficiência estrutural.
Com um departamento aeroportuário moderno e capacitado, o estado poderá também viabilizar recursos federais do Programa Federal de Auxílio Aeroportuário (Profaa). Além disso, é preciso esclarecer que aeroportos modernos são imprescindíveis em muitas regiões para atender ao novo perfil de frota de aeronaves utilizado pelas companhias aéreas, que são na sua maioria jatos.
Vamos citar um exemplo bem prático, o da cidade de Guarapuava: aeroporto equipado para voos por instrumentos, conta com estação de telecomunicações aeronáuticas, estação meteorológica de superfície e uma razoável estação de passageiros. Seria um dos melhores terminais do interior do estado não fosse a sua pista. Com apenas 1.630 metros de extensão, numa altitude de 1.100 metros, é extremamente restrita para operações de aeronaves do porte de um Boeing 737 (padrão da maioria das nossas companhias aéreas), ou até mesmo do EMB195.
Isso é uma demonstração muito clara da falta de planejamento e de projetos adequados para médio e longo prazo, que resultam em distorções técnicas importantes e, limitam o uso da infraestrutura logística existente.
A cidade de Castro está ganhando um novo aeroporto, a partir da pavimentação e estruturação do seu antigo "campo de aviação". Nesse caso, também o governo não previu a operação de jatos, e está implantando uma pista de 1.600 metros numa região de altitude. Ou seja, será mais um terminal aéreo com restrições operacionais a ser inaugurado. Vale lembrar que o aeroporto de Castro (cidade pujante do agronegócio e com viés turístico) poderia vir a ser um aeroporto regional, que atenderia toda a Região dos Campos Gerais, visto que o terminal de Ponta Grossa é bastante limitado e está um pouco mais próximo da capital. É novamente, uma demonstração de (falta de) planejamento.
O transporte aéreo vem se consolidando cada vez mais como um modal importantíssimo para todos, e para muitos negócios. É imperioso o governo do estado criar uma estrutura específica, adequada, capaz de dar solução para as demandas atuais e futuras.
Jeferson Luís Rezende, ex-piloto de aviões, é secretário municipal de Turismo de Guarapuava.
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