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Em seu primeiro discurso de posse como presidente da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), o deputado Ademar Traiano (PSDB) elegeu como prioridade a valorização contínua do quadro de servidores daquela casa de leis. “Todos serão reconhecidos e prestigiados pelo trabalho que desempenham seja nas comissões, no plenário, nos cargos de direção ou na atuação política”, disse. Faltou aparecer por lá um eleitor menos incauto ou um professor mais atento para dar-lhe um chacoalhão e lembrá-lo de quais são as verdadeiras obrigações de um legislador. Mas isso não aconteceu! Por isso, políticos profissionais como Traiano, no sétimo mandato, vão se eternizando no poder.

A propósito, o mandato dos políticos deveria abrir a pauta de reivindicações de toda manifestação grevista. Algo como “os professores da rede pública do estado do Paraná só retornarão as suas atividades quando for aprovada a lei decretando o fim da reeleição e limitando a quatro anos o mandato de deputados e vereadores”, ou, ainda, “motoristas e cobradores só voltarão ao trabalho quando os orçamentos anuais da Assembleia Legislativa e das câmaras municipais forem reduzidos a 10% do atual valor”. Convém lembrar que o orçamento da Alep para 2015 será de R$ 636 milhões, o que significa que cada um dos 54 deputados custará aos paranaenses quase R$ 1,2 milhão por mês.

É necessária, mesmo, essa montanha de dinheiro! Afinal, de que outra maneira o Legislativo pagaria o salário de seus 2.458 funcionários, dos quais 1.942 são comissionados ou “de confiança”? Será dura a tarefa de Ademar Traiano para os próximos dois anos: reconhecer e prestigiar esse “valoroso exército de confiança” pelo seu trabalho, e ainda fazer leis para o resto do povo. Aliás, quando o assunto é cargo em comissão o Poder Executivo é igualmente pródigo. São mais de 4 mil cargos na burocracia estadual ao custo de R$ 18 milhões por mês, e servindo a rigor para moldar o estilo de gestão ditado pelos interesses do governador. Algo está muito errado com a sociedade conformada com tantos descalabros!

Uma sociedade impassível à vergonhosa inversão de valores guiada pelos políticos do Paraná, onde professores são tratados como operários de segunda categoria, mas alguns deputados podem empregar até 36 assessores. Uma sociedade cega diante da demissão de funcionários essenciais para a escola publica dos nossos filhos e muda sobre a notícia de que apenas as três secretarias mais próximas do governador abrigam 461 servidores sem concurso, em cargos de confiança. Está na hora de reavaliar e refazer a lista de exigências antes de iniciar uma greve. É tempo de priorizar reivindicações que despertem os sonhos e desejos inconscientes do povo. Sonhos de moralidade na política, por exemplo.

Caio Graco de Araújo e Campos, representante comercial, é vice-presidente do Observatório Social do Brasil – Campos Gerais.
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