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Imagem ilustrativa.| Foto: Unsplash

No Brasil já se anuncia a ameaça de escolha entre um ou outro nas próximas eleições presidenciais. Será que, depois de dois anos e meio sob o temor de infecção e morte por um vírus envelopado, sensível a sabões e detergentes, nada será alterado? Teremos, de novo, uma tentativa de colocar em prática uma “assepsia das memórias”? As escolhas para serem legítimas numa democracia precisam ser coletivas, e não deveriam ser direcionadas pelo medo, temor ou desconfiança, pois, assim, não é verdadeiramente uma escolha.

Estar a serviço da população de forma respeitosa, sensível, demonstrando competência através de habilidades diversas, incluindo as políticas, mostra-se o fundamental desafio àquele (a) que se dispõe a representar servindo.

Sentir-se obrigado a votar ou votar por falta de opção não é, nem de longe, meio de construção de uma sociedade melhor. Preferências precisam ser fruto de debate e reflexão. Só há “governante de estimação” se a política é de cabresto, isto é, se vigora a politicagem, que de bem comum nada tem, porque se constrói da carência e precarização progressiva, em que o lema é “quanto pior a condição social melhor. Melhor para quem e para quê? Para desfiar o rosário messiânico do político salvador.

Desconfiar de discursos acusatórios que nada propõem a não ser ataques e culpabilizações é papel de cidadão consciente, pois é uma forma de desmascarar quem se esconde na semeadora do ódio e da vingança e foge do compromisso de construir e transformar, nutrindo sentimentos coletivos de revolta, os quais se chocam frontalmente à compreensão de um mundo fraterno que repudia a desigualdade e injustiça.

Ninguém pode ser obrigado a votar ou confiar em quem se perde em meio a revanchismos e discursos violadores de direitos. Gerir o bem comum é para quem tem mais do que espírito de liderança, é para quem considera o mundo como uma escola, que enxerga a vida como uma grande oportunidade de elevação moral. Não há razão de se enxergar privilégios, porque ser político é contrair ônus, deveres com a sociedade, e não um meio de conquistar vantagens particulares. É abdicação, desprendimento, cuidado, zelo para com o que é de todos. Talvez essa ideia sirva para nortear o entendimento e desbancar aventureiros e oportunistas de serem chamados de políticos.

Estar a serviço de um país continental como o Brasil nunca deveria ser confundido com status, divertimento ou devoção, pois a vaidade partidária segrega e diminui o divergente, retirando dele o direito de exercer a cidadania. Se há mesmo política, a bipolaridade é a desgraça e a multiplicidade de visões e posturas a esperança de dias prósperos.

Se assim não for, segue-se colocando o lixo debaixo do tapete, relativizando o sofrimento e maquiando a realidade em favor de quem sempre se propõe a fazer mais do mesmo para assegurar privilégios próprios e de toda a sua casta.

Sueli Abreu Guimarães é mestre em Desenvolvimento Humano e Responsabilidade Social e doutoranda em Educação pelo FACED/UFBA e integrante do Grupo CORPO/UFBA.

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