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Em 1480, um jovem italiano, possivelmente pertencente à geração C de sua época, tentava vender uma ideia fantástica e disruptiva: conquistar novos mercados. Na cabeça dele, a ideia iria virar uma grande start-up, só precisava convencer grandes investidores do seu projeto. Inicialmente, ninguém quis bancá-lo, achavam essa ideia de conquistar novos mercados estapafúrdia. Não se tinha muitas informações se, realmente, esses mercados existiam. O jovem foi insistente, como todo bom empreendedor deve de ser, procurou investidores italianos, portugueses até chegar aos que viabilizariam esse negócio: nobres espanhóis. Seriam eles seus anjos de investimento. O empreendedor não precisou provar seu plano de negócios (não tinha como), mas, pelo menos, precisou de um bom pitch (discurso) para convencer seus patrocinadores.

Esse jovem da história é o Cristóvão Colombo e os anjos de investimento, os reis da Espanha. O final da história, todos sabem. Colombo descobriu a América em 12 de outubro de 1492 e abriu o caminho para uma série de navegações e conquistas do mundo ocidental. Fiz uma adaptação da história de Colombo, talvez, um dos grandes empreendedores da humanidade, com o linguajar desse “novo mundo” de negócios que temos atualmente para, precisamente, mostrar que não há nada novo acontecendo. Mudam as palavras, os neologismos, os exemplos, mas a essência dos conceitos econômicos e de negócios continua a mesma. Se há algo novo, podemos apontar a velocidade com que as revoluções ou mudanças acontecem e o contexto do avanço tecnológico. O resto segue igual. Empreendedores querem vender suas ideias, financiadores querem retorno dos seus investimentos e consumidores querem resolver seus problemas ou necessidades.

Sempre temos oportunidade de aprender com as coisas simples da vida

Inspirados na história dos grandes expedicionários, fizemos, no início desse ano, uma jornada vivencial com profissionais de várias áreas do Brasil e da Espanha no Peru. Decidimos, andar por cinco dias de Cusco a Machu Picchu. A essência da trilha era desenvolver conceitos ligados à inovação, empreendedorismo, resiliência, superação dos nossos próprios limites e, principalmente, de aprendizado com a cultura inca.

Ao longo da expedição, da mesma forma que Colombo, precisamos lidar com recursos escassos, como a falta de oxigênio (subimos até 5.200 metros sob o nível do mar), falta de internet, telefone e, até a falta de coisas básicas como banho. Ainda tivemos de aprender a traçar estratégias para otimizar esforços. Foram, em torno de 85 km de subida de picos, descobertas de lagoas, observação de montanhas coloridas, visita de parques arqueológicos e, principalmente, de muito desequilíbrio nas nossas vidas.

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O resultado foi inspirador, foi um vácuo nas nossas vidas, trocamos o nosso dia a dia monótono por aprendizado vivencial e conquistas pessoais profundas. Aprendemos a valorizar o que temos. Entendemos também que não é preciso viajar muito longe para aprender tudo isso. Sempre temos oportunidade de aprender com as coisas simples da vida, com os nossos filhos, com os nossos problemas, com os problemas dos outros, seja como for, o importante é querer sempre aprender.

Hoje, podemos dizer, assim como Colombo, depois da primeira viagem, que estamos prontos para a próxima empreitada. E você, caro leitor?

Hugo Eduardo Meza Pinto é economista, doutor pela USP em Relações Internacionais, professor da Faculdade Estácio Curitiba e sócio fundador da empresa de economia criativa Amauta.
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