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Violência! Esta é a palavra que mais se tem escutado em noticiários nos últimos anos em nosso país. Ao contrário da maioria de reportagens e apontamentos a esse respeito, a violência em fase precoce revela exclusivamente uma realidade esquecida de uma parcela da população. Vítimas do descaso de políticas públicas e sociais e de uma formação identitária fragmentada, ou seja, sem educação. Crianças e adolescentes que aliciados pelo gigantesco agrupamento dos poderes da corrupção, tornaram-se ao mesmo tempo reféns e arma do crime organizado. No vocabulário jurídico, crime é todo ato tipicamente ilegal cometido por um ser humano e que transgride uma regra moral.

Os laços de familiaridades são também interrompidos pela desinformação midiática, pobre em formação humanística

Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), hoje no Brasil existem cerca de 22.000 adolescentes (entre 12 e 17 anos) infratores internados, muitos deles de acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU) carentes de tudo, de qualquer viabilidade social e convívio familiar, estão literalmente encarcerados pelo Estado e pela população. Em uma perspectiva simplista seria no mínimo leviano e exagerado, por algumas autoridades governamentais, dizer que a juventude brasileira é culpada pelos seus crimes cometidos, e somente a eles cabem executar penas não alternativas a sua ressocialização. Sabemos que a etapa da adolescência é notória a provocação da própria natureza em realizar diversas transformações físicas, psicológicas e comportamentais. Tempo de incertezas e instabilidades.

O ambiente escolar tem seu papel fundamental na estruturação formal do conhecimento, dando respaldo a consciência crítica para que o mesmo faça escolhas de convivência de maneira mais suave, contribuindo para sua valorização em sociedade. No mundo contemporâneo os pais são obrigados muitas vezes a exceder o tempo de trabalho. Precisam manter seus níveis de consumo e esquecem-se do lado amoroso e sentimental dos filhos. Os laços de familiaridades são também interrompidos pela desinformação midiática, pobre em formação humanística. Muitas vezes aproximações de pessoas estranhas que aproveitando a ausência desses tutores podem também oferecem algo que vai seduzi-los ao aliciamento para ações criminosas. Nacionalmente, assistimos infâncias sendo roubada pelo tráfico de drogas, pelo estímulo a incitação à violência e a prática de crimes hediondos, expostas nas mídias de massa e em redes sociais. Vidas de jovens sendo interrompidas com total brutalidade.

Leia também: A escola não pode ficar indiferente às situações de violência (artigo de Hortência Brito Novais, publicado em 16 de maio de 2018)

Leia também: Pressão e bullying (artigo de Wanda Camargo, publicado em 13 de outubro de 2018)

A desigualdade social também é um problema, a Constituição dispõe em seu artigo 3° inciso l: “erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir a desigualdades sociais e regionais.” Parece que este é um assunto que incomoda e quanto mais pautado entre a sociedade, menos os governos querem assumir seu papel de protagonista, agente transformador do bem-estar social. Reduzir a violência é muito mais que pensar a segurança pública ou diminuir a maioridade penal. O governo e a sociedade civil organizada necessitam investir massivamente nos jovens de hoje para que possamos ter uma nação mais justa e igualitária. Isto significa investir na educação e na formação dos professores, na oportunidade de empregabilidade para as famílias e na cultura popular. O que as crianças e adolescentes precisam é de espaços oportunos e apropriados para se sentirem parte de uma construção social mais fraterna, favorável a sua utilidade no mundo pós-moderno.

Thales Aguiar é jornalista e escritor.
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