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Ao misturar a vida profissional com a pessoal, transformando o escritório em mais do que um lugar para trabalhar, identificamos o surgimento de uma sensação de pertencimento na equipe, e, consequentemente, um aumento de engajamento e produtividade
Ao misturar a vida profissional com a pessoal, transformando o escritório em mais do que um lugar para trabalhar, identificamos o surgimento de uma sensação de pertencimento na equipe, e, consequentemente, um aumento de engajamento e produtividade| Foto: Pixabay

Este questionamento permeia o ambiente corporativo com frequência, e é válido refletir sobre os motivos pelos quais as empresas deveriam ou não voltar aos escritórios. Com o surgimento da Covid-19, a rotina corporativa teve de se adaptar às pressas, a fim de evitar o contágio do vírus – o que resultou em um movimento inverso: em vez de os colaboradores irem até o trabalho, o trabalho chegou à casa de cada um deles. No entanto, este movimento, que parece ser novidade, tem reflexos de uma tendência antiga.

Há 20 anos, uma multinacional de tecnologia chegou ao Brasil com um conceito conhecido como “espaço de descompressão”, no qual, além de contar com as ferramentas para o trabalho, o time também tinha momentos de relaxamento, jogos, creche e afins. Aqui, o intuito da marca com a iniciativa foi mostrar o seu poder ao mercado e fazer com que seus funcionários se sentissem em casa ao terem todas as suas principais necessidades atendidas. Ao misturar a vida profissional com a pessoal, transformando o escritório em mais do que um lugar para trabalhar, identificamos o surgimento de uma sensação de pertencimento na equipe, e, consequentemente, um aumento de engajamento e produtividade.

Na prática, a iniciativa mostrou-se uma ruptura da cultura organizacional, que acabou sendo seguida por muitas outras companhias. Trazendo essa mentalidade ao contexto atual, vemos que esse formato de escritório é uma alternativa extremamente válida. Ao sermos praticamente obrigados a trabalhar a distância, vimos que, com o auxílio da tecnologia, isso é possível. Além disso, antes havia uma circulação média de milhares de pessoas tentando chegar ao trabalho, levando em torno de duas a três horas no trânsito. Ao transformar essas horas em dias, temos algo entre 18 dias e um mês perdidos em trajetos no período de um ano, fora a poluição ambiental.

Sim, o escritório tem um papel. Mas não é aquele em que os executivos se sentam atrás de uma mesa para trabalhar. Acredito que este seja um ótimo momento para retomarmos a configuração que aquela multinacional de tecnologia deu a esse espaço de trabalho: um local para compartilhar momentos entre o time, insights e valores, propagando a cultura organizacional. Já existe até um caso emblemático que segue essa linha: uma grande empresa nacional do ramo financeiro anunciou home office permanente e a construção de uma nova sede em São Roque (SP). Antes disso, a companhia mantinha seis andares em um edifício na Avenida Juscelino Kubitschek, em São Paulo.

Indo ao encontro dessas decisões, uma pesquisa realizada pela JLL registrou uma devolução de 122 mil metros quadrados em prédios classe A por empresas na capital paulista, enquanto a taxa de vacância de escritórios – que mede o volume de espaços vazios para locação – chegou a 19,4% no terceiro trimestre de 2020, acima dos 17,3% observados no trimestre anterior.

É possível enxergar um cenário em que o trabalho é feito em casa, com o funcionário indo ao escritório uma a duas vezes por semana, em uma espécie de modelo híbrido. Portanto, em vez de questionar-se sobre o período ideal do seu modelo de trabalho, pense com profundidade sobre a funcionalidade dele!

Jean-François Imparato é CEO da Workally, startup com foco na configuração dos espaços de trabalho.

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