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Ao consolidar os números de 2004, o Banco Mundial apurou que o Brasil ficou em 14.º lugar no ranking da economia por países, subindo uma posição, com 605 bilhões de dólares no Produto Interno Bruto. A melhoria decorre da recuperação econômica tornada possível após as turbulências da transição política entre 2002 e 2003; mas também foi beneficiada pelo realinhamento relativo das moedas que valorizou o real frente ao dólar. De toda forma, o levantamento mostra uma retomada que, se for mantida, trará mais desenvolvimento e bem-estar para o povo brasileiro.

Em termos absolutos, acima do PIB brasileiro ficam os Estados Unidos – primeiro país colocado com um PIB de 11,7 trilhões de dólares; o 2.º é o Japão, com 4,8 trilhões; 3.º) Alemanha, com 2,7 trilhões; 4.º) Reino Unido, com 2,1 trilhões; 5.º) França, com 2,0 trilhões; 6.º) Itália, com 1,7 trilhão; 7.º) China, com 1,5 trilhão; 8.º) Espanha, com 1,0 trilhão; 9.º) Canadá, com 0,9 trilhão; 10.º) Índia, com 692 bilhões; 11.º) Coréia do Sul, com 680 bilhões; 12.º) México, com 676 bilhões; e 13.º) Austrália, com 631 bilhões. A Rússia fechou o exercício em 15.º lugar, com um agregado econômico de 582 bilhões de dólares, e, junto com o Brasil, ultrapassou a Holanda (577 bilhões).

As posições entre os países variam em função de fatores como o regime cambial, porém a soma dos bens e serviços produzidos pelos brasileiros nos permitiu avançar uma posição, enquanto Canadá e México caíram de lugar; a Espanha subiu uma posição, para o oitavo lugar, e a Índia cresceu duas casas, fechando o ano como a 10.ª maior economia mundial.

Com base na Paridade do Poder de Compra – modelo utilizado pelas Nações Unidas para medir o ranking relativo das nações – e, com base no crescimento consolidado para 2004, de 4,9%, o Brasil deve figurar em 8.º lugar entre as maiores economias nacionais. Essa opinião do economista Antônio Corrêa de Lacerda, presidente da Sociedade Brasileira de Estudos sobre Empresas Transnacionais e Globalização, coloca o Brasil logo após o Canadá, superado apenas pela tríade Estados Unidos, Japão e industrializados europeus (Alemanha, Reino Unido, França, Itália) e ao lado de outros gigantes emergentes, como China, Rússia e Índia.

Por esse critério, mais natural, ultrapassamos a Espanha e a Coréia do Sul, bem como a Holanda, retomando posição das décadas entre 1970 e 80, quando figuramos como a décima economia mundial. O aspecto relevante é que deixamos de realizar nosso potencial em ciclos anteriores, quando deficiências de estratégia mergulharam o país num regime de estagflação. Depois, já nos anos 90, políticas de estabilização ancoradas no câmbio fixo, fizeram nosso PIB recuar para o 15.º lugar entre as economias mundiais, enquanto outros países continuavam se expandindo.

O preço da estagnação já foi pago em termos políticos, mas cabe avaliar duas dimensões: oportunidades desperdiçadas e a estabilidade social afetada nessas décadas perdidas. O ranking agora recuperado reflete apenas a recuperação do ano passado, enquanto a China cresce há 25 anos à média de 9% ao ano. Analisando o último levantamento, o economista Júlio Almeida, diretor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial, mostrou que no triênio 2003–05, enquanto a China crescia 9,1% na média anual; a Índia, 7,2%; a Rússia, 6,8%, entre outros; o Brasil só avançou 1,7%.

A expansão poderia ser maior, "levando em conta os recursos que temos, o potencial em produção de energia renovável e exploração da área agrícola", observa o empresário Antônio Ermírio de Moraes, em artigo nesta Gazeta do Povo. Para o líder empresarial, "nosso PIB deveria ser, no mínimo, 5% do PIB mundial", mas ficou em 1,4% no ano passado. "As exportações de 100 bilhões de dólares e o superávit da balança comercial foram espetaculares – continua Ermírio –, porém representam apenas 1,1% das exportações mundiais". De fato, estamos operando na escala de países pequenos, como Malásia e Tailândia; mesmo exportadores médios – Coréia do Sul e Bélgica – vendem para o exterior mais de 250 bilhões de dólares.

Perto dos gigantes emergentes – China, Índia, Rússia –, o agregado econômico brasileiro é menos representativo, sem citarmos pesos pesados mundiais – Japão, Alemanha e Estados Unidos. Há vários fatores para essa situação: o gargalo da infra-estrutura, a composição da balança de exportação, a baixa produtividade média da força de trabalho e, sobretudo, a política econômica que precisa ser eficiente para o Brasil crescer, de forma continuada e sustentável.

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