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A população fez a parte que lhe competia. Cabe aos vereadores dar mostras cabais de que o processo de renovação vai muito além da simples substituição

Metade dos vereadores que compõem a atual legislatura da Câmara de Curitiba não voltará à Casa no ano que vem. Alguns porque decidiram não concorrer à reeleição, outros porque foram impedidos pela Justiça Eleitoral – caso do ex-presidente João Cláudio Derosso –, mas a maioria porque os eleitores decidiram dar-lhes menos votos que os necessários para mantê-los no mandato. A outra metade é formada por políticos novos, que concorreram pela primeira vez, ou que voltam à Câmara depois de um período longe dela. Deu-se, portanto, neste ano, um dos maiores índices de renovação no Legislativo municipal de que se tem notícia na história.

Isto é bom ou mau? Em tese, renovar parece ser sempre algo muito positivo; afinal, o ar que se respirará no Palácio Rio Branco será enriquecido por oxigênio que ainda não foi usado no plenário e nas salas das comissões. Mas quem garante que esse oxigênio já não venha impregnado dos mesmos vírus que alimentaram a crônica síndrome patológica que já levou a Câmara à UTI recentemente? Só o tempo dirá.

Inegável é o fato de que o eleitorado curitibano quis dar continuidade à tarefa de desinfecção, tanto que muitos daqueles vereadores que rezavam pela cartilha do ex-comandante Derosso e que, ao longo de processo de julgamento de seus suspeitos atos na administração da Casa, ficaram ao seu lado ou se omitiram não conseguiram se reeleger. Os eleitores preferiram colocar gente nova no lugar, aparentemente não comprometida com os velhos maus hábitos.

A população, portanto, tanto quanto possível, fez a parte que lhe competia. Agora, cabe aos novos vereadores – e também aos antigos, claro – dar mostras cabais de que o processo de renovação na Câmara Municipal de Curitiba vai muito além da simples substituição de uns por outros, coisa que a aritmética pode calcular com facilidade. Renovação é muito mais que somar e subtrair.

E há muito o que renovar na carcomida Câmara de Curitiba. É preciso devolver a ela o grau de relevância que a democracia exige do Poder Legislativo, especialmente no que tange à tarefa de fazer e aprovar leis de alto e exclusivo interesse público; de debater o futuro da cidade; de propor soluções sustentáveis e responsáveis no campo social; de fiscalizar os atos do Executivo, dentre tantas outras competências institucionais que lhe cabem.

Prioritário também é eliminar o ranço que a caracteriza como mero colegiado pluripartidário de vereadores cooptados pelo prefeito de plantão, votando sem análise crítica tudo o que ao Executivo e a seu modo interessar. Não mais votações intermináveis para nomes de ruas, para conferir homenagens a amigos, como é de seu predominante costume.

Da renovada Câmara Municipal de Curitiba se espera o cumprimento do dever de representar dignamente a sociedade e demonstrar estar à altura de suas aspirações.

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