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Começo esta crônica com um retumbante lugar-comum: todo crime tem uma motivação bestial. Podem-se excetuar alguns delitos passionais, mas, em geral, na maioria dos casos, o ser humano se despoja de sua camada civilizatória e age como uma besta fera. Temos em evidência, nos dias que correm, dois casos que exibem o lado animal que cada um traz em algum lugar de sua personalidade.

Após este "nariz de cera" que não consegui evitar, entro nos dois casos que ocupam o noticiário da hora: a morte de menina Isabella Nardoni, que está em fase de tribunal de júri, e o duplo assassinato do cartunista Glauco e de seu filho, por motivos até agora não bem esclarecidos, apesar de haver a confissão explícita e quase voluntária do criminoso.

O primeiro é estarrecedor, o segundo também. O que leva determinado ser humano a matar, às vezes com bárbaros requintes, o seu semelhante? Privação de sentidos? Não parece a razão dos dois crimes. Mesmo abstraindo a falta de intenção prévia, é difícil compreender o que se passou em ambos os casos.

A menina foi sacrificada barbaramente, segundo todos os indícios, pelo pai e pela madrasta, em grau que os jurados dentro de algumas horas irão determinar e a Justiça punir. O cartunista e seu filho se dedicavam à solidariedade humana, não vindo ao caso discutir o processo que a seita do Santo Daime adota. Em ambos os crimes, as vítimas, além de indefesas, eram inocentes.

Lembro uma estampa piedosa que vi num quartel da França: uma cena de guerra, mortos dos dois lados, e a figura do fundador do cristianismo passeando entre os corpos mutilados pela morte. E a legenda: "E, no entanto, eu disse: amai-vos uns aos outros". Não se trata de uma questão religiosa, mas dolorosamente humana.

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