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Rio de Janeiro – Tempo houve em que um cronista sem assunto era mais ou menos obrigatório, foi talvez a era de ouro do gênero. O cara abria a janela, olhava o mundo e a vida, sentava à máquina e escrevia sobre o nada, a falta de assunto. Eram mestres nessa nobilíssima arte. Hoje, com a inflação de assuntos, as crônicas já não se fazem como antigamente.

A introdução não é para lavar a vil testada do autor destas mal traçadas. Na verdade, fica difícil escolher um assunto quando a área está embolada, todo mundo chutando todo mundo, nem se sabe onde está a bola, nem mesmo se há bola em campo. Desconfio que, há muito, o jogo a que assisto, como testemunha, vítima e cúmplice, é uma partida idiota, pois há adversários, campo, juízes, bandeirinhas, balizas, laterais, redes, regras, platéia, mas falta o essencial, a bola. Vamos na onda, englobando tudo na geléia que a vida e o mundo nos servem.

Torço pelo Brasil, avante companheiros, ao tremular do nosso pendão, que, com o perdão da palavra, foi bravamente defendido pelo Glauber Rocha, há tempos, em Veneza. Nunca me importei com os filmes dele, ele é mais importante do que a sua obra. Com a intuição demoníaca do cangaceiro, a ingenuidade gostosa do caboclo, naquele distante ano, Glauber disse grandes verdades em Veneza: que não há mais lutas de classe, capitalismo contra socialismo, ideologia contra ideologia. A luta é apenas entre o mundo rico e o pobre. Taí. Concordo. Neste jogo, também, está faltando a bola, ou há bola demais.

Se vivo fosse, Glauber clamaria mais uma vez contra o conflito entre pobres e ricos, dando como exemplo mais recente a vitória de Lula sobre Alckmin. Mais da metade do povo brasileiro vive na pobreza e não tomou conhecimento da corrupção do governo Lula, de suas falhas administrativas e éticas.

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