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Soa tolo um governo regozijar-se por fazer cumprir a lei. Mas o Rio é a cidade em que grande parte dos moradores não paga impostos e nada acontece. Os cariocas se sentem mal atendidos pelo Estado e por isso não se veem obrigados a pagar impostos? Ou o Estado atende mal porque os cariocas não pagam os impostos devidos? O fato é que a cidade, que tem raiz na corte portuguesa e abriga ainda hoje o maior número de funcionários públicos do país, tem aversão a pagar impostos, apesar de ter crescido a soldo dele.

O prefeito Eduardo Paes (PMDB) está prestes a completar um ano no cargo. Instado a resumir o mandato até aqui, é direto: "Choque de ordem". Há muito de marketing nesta expressão, mas, como resumo do primeiro ano de Paes, é precisa. Foi isso e quase mais nada.

Para quem não vive no Rio, choque de ordem se resume a coibir o estacionamento onde não se pode estacionar, retirar publicidade de onde não se pode anunciar, destruir construções onde não se pode construir. Mais sinteticamente, fazer cumprir-se a lei.

Ao traçar um balanço de sua administração, Paes vê avanços na educação e na saúde, mas reconhece que os problemas de transporte na cidade estão emperrados. Os quadros públicos no setor são menos preparados do que os das concessionárias de transporte no Rio. A prefeitura não consegue sequer fazer uma licitação das linhas de ônibus, quanto mais implantar o bilhete único – promessa que pretende ver viabilizada no ano que vem.

A brilhar na sede da prefeitura, conhecida como Piranhão por ter sido erguida em área de antigo meretrício, só os computadores com tela em fósforo verde – quinquilharia a datar seu atraso tecnológico. Sem rubor, a máquina pública está afinada com a eficiência como as moças públicas com a inocência.

* O colunista substitui hoje o titular Carlos Heitor Cony

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